Por Renato Cunha Lima
A queda de Nicolás Maduro, caso se confirme, não será apenas um episódio venezuelano, mas o primeiro dominó a tombar numa fileira que atravessa toda a América Latina. O chavismo foi mais que um regime: símbolo de resistência para a esquerda continental e, ao mesmo tempo, cofre aberto para o narcotráfico e o crime organizado. Quando esse pilar ruir, os reflexos inevitavelmente alcançarão Havana, La Paz, Manágua e Brasília, onde governos ideológicos, muitos deles autoritários, ainda se sustentam.
Miguel Díaz-Canel, em Cuba, perderá um de seus últimos aliados de peso. Gustavo Petro, na Colômbia, ficará isolado entre o discurso progressista e a realidade de um país tomado pelas drogas. E Lula, no Brasil, verá que a retórica de solidariedade entre “companheiros” já não ecoa em um continente cansado desse modelo.
Nesse tabuleiro, é impossível ignorar o papel dos Estados Unidos sob Donald Trump. Foi ele quem impôs as sanções mais duras, rompeu a complacência diplomática que tratava Maduro como “mal menor” e pressionou aliados a não legitimar o regime bolivariano. Seu governo entendeu que a sobrevivência de Maduro não era apenas drama humanitário, mas engrenagem vital para o narcotráfico e redes criminosas que ameaçam a segurança internacional.
Mais ainda: os EUA, com Trump, classificaram facções criminosas como grupos terroristas, ampliando os instrumentos de combate global. O Brasil de Lula, ao se opor a isso, expôs seu alinhamento tácito com os narcoestados da região.
Se a queda de Maduro se concretizar, não será apenas vitória do povo venezuelano, mas chance inédita de expurgar o crime das estruturas estatais. Mais do que a derrocada de um ditador, poderá ser o início de um novo ciclo: menos ideologia cega, mais liberdade, mais responsabilidade.
O primeiro dominó já balança. Os EUA oferecem 50 milhões de dólares por sua captura, e outros líderes sabem que, se cair, a fileira inteira tremerá. Não por acaso Lula ataca Trump e insiste no discurso batido de soberania. Ele sabe: caindo Maduro, o próximo a apodrecer pode ser ele.