Lula diz que EUA “ajudaram a dar golpe” no Brasil e propõe moeda alternativa ao dólar

Foto: Reprodução/TV PT

 

Durante o encerramento do 17º Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), no domingo 3, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que os Estados Unidos “ajudaram a dar golpe” no Brasil e defendeu a criação de uma moeda alternativa ao dólar para negociações internacionais.

Lula declarou que o Brasil está em outra posição econômica e que a relação diplomática com os EUA, iniciada há 201 anos, precisa ser revista com base na igualdade de interesses.

“A gente tá muito mais tranquilo do ponto de vista econômico. Mas obviamente que eu não vou deixar de compreender a importância da relação diplomática com os Estados Unidos, que já dura 201 anos. Eu não vou esquecer que eles também já deram o golpe aqui, ajudaram dar golpe. Mas o que eu quero saber é daqui para frente o que é que eu faço?”, disse Lula.

O presidente afirmou que o Brasil tem “postura, interesses econômicos e políticos para negociar” e voltou a defender uma moeda alternativa ao dólar.

“Eu não vou abrir mão de achar que a gente precisa procurar construir uma moeda alternativa para que a gente possa negociar com os outros países. Eu não preciso ficar subordinado ao dólar. Eu não tô falando isso agora não. Em 2004 nós fizemos isso com Argentina. Agora nós queremos negociar. Nós queremos negociar igualdade de condições”, declarou.

Lula comparou o tamanho econômico e tecnológico dos Estados Unidos com a necessidade de respeito ao Brasil.

“Os Estados Unidos é muito grande. É o país mais bélico do mundo, é o país mais tecnológico do mundo, é o país mais mais sabe maior econômico do mundo. Mas tudo isso é muito importante. Mas nós queremos ser respeitado pelo nosso tamanho. Nós temos interesses econômicos, temos interesses estratégicos. Nós queremos crescer e nós não somos uma republiqueta”, afirmou.

O presidente também comentou as tarifas impostas por Donald Trump sobre produtos brasileiros e classificou como inaceitável a imposição de medidas políticas com consequências econômicas.

“Tentar impor uma questão política para nos penalizar economicamente é inaceitável”, disse.

Lula comparou o modelo de negociação bilateral proposto por Trump com a relação desigual entre trabalhadores e grandes corporações.

“Ele quer voltar à negociação bilateral, país com país. Ou seja, um país pequeno negociando com os Estados Unidos é como um trabalhador de uma fábrica com 80 mil empregados tentar negociar sozinho com o patrão. O acordo é leonino, não ganha nada”, afirmou.

O presidente disse que o governo brasileiro vem adotando medidas dentro dos limites estabelecidos pela Organização Mundial do Comércio (OMC), e que as propostas brasileiras já foram apresentadas.

“Acho que um presidente da República pode taxar o que quiser aqui no Brasil. É importante vocês saberem que, de vez em quando, me reúno com o Alckmin e com o Haddad para discutir aumento de tarifas sobre produtos importados. Mas aumentamos, no máximo, dentro do limite que a OMC permite — 35%. Agora ele (Trump) extrapolou todos os limites, porque quer acabar com o multilateralismo”, disse Lula.

“A verdade é a seguinte: estamos trabalhando, vamos apoiar nossas empresas, defender nossos trabalhadores e dizer: ‘quando quiser negociar, as propostas estão na mesa’. Aliás, já foram apresentadas pelo Alckmin (vice-presidente) e pelo Mauro Vieira (ministro das Relações Exteriores)”, completou o presidente.

 

Deu no AGORA RN

 

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