A taxação de 50% sobre produtos brasileiros, imposta pelo governo dos Estados Unidos, aliada à aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), expõe a necessidade de uma mudança de postura do presidente Lula e evidencia uma “hipertrofia” do Poder Judiciário em relação aos demais poderes. A avaliação foi feita pelo senador Rogério Marinho (PL-RN) durante entrevista ao Jornal da Manhã, da Jovem Pan News Natal nesta sexta-feira (1º).
Para o senador, o Brasil enfrenta um cenário desafiador com o início iminente da nova tarifa norte-americana, o que exige uma atuação diferente do governo federal. “Além do motivo econômico, há um motivo político. Há que se ter muita maturidade nesse momento, pois quem pode ser prejudicado nesse embate é a população. Independentemente de qualquer coisa, quem governa o país, mesmo que contestado por nós da direita, é o presidente Lula. É importante que ele entenda que precisa descer do palanque e pare de proferir bravatas”, afirmou.
Embora outros países também estejam sendo afetados pelas medidas dos EUA, Marinho ressalta que, no Brasil, o impacto é potencializado pelo contexto político. Ele cita como exemplo a recente inclusão do ministro Alexandre de Moraes na lista de sanções da Lei Magnitsky — legislação norte-americana que pune acusados de graves violações de direitos humanos ou corrupção. “Isso é muito mais grave, pois a questão econômica se resolve em uma mesa de negociação, mas a questão política é mais séria, porque vai precisar que os poderes entendam que cada um tem que dar a sua cota de contribuição para resolver o problema”, observou.
A Lei Magnitsky foi criada inicialmente para punir os responsáveis pela morte do advogado e ativista russo Sergei Magnitsky, que faleceu em uma prisão em Moscou, em 2009, após denunciar um esquema de corrupção envolvendo autoridades russas.
Críticas ao STF e à postura do Executivo
Na entrevista, o senador também disse ser incerta a postura que o Supremo Tribunal Federal vai tomar diante das sanções contra Moraes. Ele avalia, por outro lado, ser necessário deixar de lado interesses pessoais e ideológicos para buscar uma solução. “Melhor seria o STF e o próprio Governo, que representa o Brasil nesse momento, decidirem sentar com os interlocutores possíveis para tentar equacionar o problema, dentro e fora do país, e evitar que a população seja vitimada”, declarou.
Rogério Marinho também voltou a criticar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, que corre no STF, mencionando mudanças no entendimento sobre o foro privilegiado. Para ele, a alteração teria sido feita com foco específico no ex-chefe do Executivo. “O Brasil está de ponta cabeça. Há a hipertrofia de um poder sobre os demais. É lamentável o que está acontecendo e fico muito preocupado, pois uma tarifa que impõe uma sanção à economia brasileira vai prejudicar a sociedade. No entanto, mais lamentável ainda é a forma como nossas autoridades estão se comportando”, afirmou.
Na avaliação do senador, a ausência de diálogo direto entre o presidente Lula e o presidente norte-americano, Donald Trump, agrava a situação. Ele ressalta que a maior parte das interlocuções com os Estados Unidos tem sido conduzida por empresas privadas dos dois países, sem protagonismo do governo brasileiro.
Marinho citou uma declaração do presidente Lula feita no dia 10 de julho de 2025. Na ocasião, Lula afirmou que nunca havia conversado com Donald Trump desde o retorno do republicano à Casa Branca e que não pretendia telefonar para tratar da tarifa imposta.
Deu na Tribuna do Norte