Por Renato Cunha Lima
A imagem do ministro Alexandre de Moraes mostrando o dedo médio depois de ser vaiado no jogo do Corinthians não é um deslize isolado. É o retrato fiel de uma postura arrogante e autoritária que já vem sendo denunciada há anos. A mesma mão que deveria proteger a Constituição é a que censura jornais, cala vozes críticas e atropela garantias fundamentais. O gesto obsceno apenas materializa o desprezo que Moraes demonstra, cotidianamente, pelas liberdades democráticas.
Sob sua caneta, decisões abusivas tornaram-se rotina. Jornalistas foram silenciados, deputados eleitos foram presos por falas, não por atos. Mandados foram expedidos sem que os alvos tivessem direito sequer à defesa prévia. Advogados foram ignorados ou desrespeitados. O devido processo legal virou detalhe descartável. A imparcialidade? Uma ficção em seus autos já prontos para condenar quem ousa divergir.
Não por acaso, Moraes travou guerra aberta contra as redes sociais. Em vez de enfrentar o debate público, decidiu impor o silêncio pela força. Ordenou bloqueios, impôs multas milionárias, ameaçou suspender plataformas inteiras. E tudo isso sem debate legislativo, sem transparência e com um tribunal transformado em torre de comando pessoal. Não é exagero dizer que suas decisões extrapolam os limites do que se entende como razoável em qualquer Estado de Direito.
O resultado? Pela primeira vez na história, um ministro da Suprema Corte brasileira é alvo direto de sanções internacionais. A Lei Magnitsky, aplicada por abusos de direitos humanos, agora carrega seu nome entre os sancionados. E ele responde como sempre respondeu: com desprezo, com deboche, com o dedo em riste — não para os opressores, mas para os cidadãos livres.
O Brasil está diante de um paradoxo cruel: a democracia sendo minada em nome da sua própria proteção. Mas já está claro — não é proteção, é dominação. E Alexandre de Moraes é um ditador de toga, muito, também, pela omissão do Senado Federal e apoio de setores da mídia.