Foto: Diogo Zacarias/MF
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a situação envolvendo as bets é um “problema de saúde pública” e “virou uma praga”. Em tom crítico, afirmou ser necessário mostrar que as apostas são “o caminho do fracasso”, resultando em perda de dinheiro.
O ministro afirmou que apresentará um balanço ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a respeito do funcionamento do mercado regulado, que entrou em vigor em janeiro deste ano. “Vamos apresentar para o presidente [um balanço], passados 6 meses da regulamentação deste governo que dependia de lei, porque também o Congresso demorou a aprovar a lei, colocou um prazo dilatado de transição”, declarou.
Haddad falou sobre o tema em entrevista veiculada na noite desta 3ª feira (22.jul.2025), no canal do YouTube Nath Finanças. Ele também voltou a dizer que há perda anual de R$ 40 bilhões “entre o que é depositado e o que é pago de prêmio”.
O titular da Fazenda responsabilizou o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Herdamos um caos. O Bolsonaro perdeu, no mínimo, 40 bilhões de reais de impostos que deveriam ter sido cobrados e foram dados para as bets que mandaram esse dinheiro para fora do Brasil”, afirmou Haddad.
SETOR RESPONDE
A ANJL (Associação Nacional de Jogos e Loterias) se pronunciou nesta 3ª feira (22.jul) sobre declarações de Haddad em relação às bets durante entrevista ao ICL Notícias. A entidade disse manifestar “surpresa e consternação” com falas do ministro sobre o assunto.
A associação também disse que a proibição de publicidade de casas de apostas resultaria em “crescimento vertiginoso dos sites ilegais”. Eis a íntegra da nota:
“Nota oficial da Associação Nacional de Jogos e Loterias sobre as recentes declarações do ministro Fernando Haddad
“A Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) manifesta surpresa e consternação com as declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em entrevista ao site “ICL Notícias”, na qual usou termos difamatórios contra a indústria de apostas no Brasil, chegando a chamá-la de “desgraça”. Surpresa porque o setor, que tem sido diligente em atender a todas as normas da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), não esperava ser alvo de um ataque dessa natureza por parte do ministro. E consternação por acreditar no potencial altamente deletério sobre o mercado dessa avaliação do chefe da pasta sob a qual vem sendo construída a regulamentação do setor.
“A ANJL esclarece que todos os problemas citados na entrevista, tanto pelo Eduardo Moreira quanto pelo ministro, se referem à atuação das bets ilegais, ou seja, das casas de apostas que não são autorizadas a funcionar no país, mas continuam funcionando pela incapacidade técnica do Poder Público de bloqueá-las.
“Sobre o entendimento manifestado pelo ministro Fernando Haddad de que a ludopatia deve ser tratada como um caso de saúde pública, a associação concorda e já se manifestou nesse sentido diversas vezes. É necessário frisar, contudo, que, hoje, o imposto pago pelas casas de apostas legalizadas já prevê destinação de parte desses recursos para a Saúde. Também é fundamental esclarecer que os casos de vício são raros no universo do mercado regulado. O problema central da dependência em jogos está na plena atividade dos sites ilegais, que não adotam nenhum mecanismo para proteger os apostadores e não arrecadam nenhum imposto para o país.
“A ANJL reitera, ainda, que, se for aprovada pelo Congresso Nacional a proibição irrestrita de publicidade para as casas de apostas, o Brasil se juntará ao grupo de países que adotaram medida semelhante e presenciaram o crescimento vertiginoso dos sites ilegais. Sem propaganda feita de forma responsável e esclarecedora, os apostadores não saberão distinguir as bets legais das ilegais e ficarão ainda mais à mercê da ação de influenciadores e todo tipo de golpe.
“Por fim, a associação reafirma o compromisso da indústria de apostas na construção de um ambiente seguro e regulado, em que os jogos sejam encarados por toda a população apenas como mais uma forma de entretenimento e não de investimento ou fonte de renda. A ANJL acredita que a escolha do Brasil será não retroceder em relação a nenhum dos avanços que tivemos até agora e focar no que realmente importa: o combate ao mercado ilegal”.
Deu no Poder 360