Bolsonaro cobra passaporte para negociar com Trump

(Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Jair Bolsonaro se apresentou nesta quinta-feira, 17, como potencial negociador com o presidente americano Donald Trump.

“Se o Lula sinalizar para mim, me der o passaporte, eu negocio com o Trump”, disse o ex-presidente ao final de uma entrevista coletiva que durou cerca de 45 minutos.
Bolsonaro fez a afirmação em resposta a questionamento sobre se acha que uma anistia a ele resolveria a questão da tarifa adicional de 50% aos produtos brasileiros prometida por Trump para entrar em vigor em 1º de agosto.

“Posso lhe garantir que seria semelhantes à Argentina. :Lá, 80% dos produtos [têm] tarifa zero. O restante, em torno de 10%”, respondeu, acrescentando que está “em condições [físicas] agora” e cobrando o passaporte, e acrescentando:

“Ele [Trump] fez isso… Quem não vai conversar, vai pagar um preço alto. E quem vai pagar um preço alto é todo povo, em especial os mais pobres.”

O passaporte do ex-presidente foi apreendido durante a Operação Tempus Veritatis, em fevereiro de 2024. Desde então, Bolsonaro tenta recuperá-lo, sem sucesso.

“É muito?”

Mais cedo, na mesma entrevista coletiva, Bolsonaro já tinha dito que não sabe se Trump que anistia, mas se ofereceu como negociador, mais de uma semana depois de o presidente americano endereçar carta a Lula informando sobre a tarifa adicional.

“Eu não sei o que ele quer, pergunte para ele. Se me derem carta branca para negociar, pode ter certeza que acordo vai sair. E vamos supor que ele queira anistia. É muito? Porque, se continuar esses 50%, tem gente que acha que não vai sofrer, todo mundo vai sofrer, em especial os mais pobres. É muito se ele pedir isso aí? Botar na balança, é muito? E anistia é algo privativo do Parlamento”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também compartilhou o título de uma reportagem com sua cobrança pelo passaporte, junto com o seguinte texto:

– Jair Bolsonaro teve seu passaporte apreendido pela Polícia Federal em uma operação de busca e apreensão absolutamente arbitrária, supostamente motivada por uma investigação sobre seu cartão de vacinação.

– Mesmo sem crime, sem condenação e sem ameaça concreta à ordem pública, seu direito de ir e vir foi violentamente restringido. O pretexto foi uma apuração sobre dados em um sistema eletrônico — algo que jamais justificaria a retenção de um passaporte de ex-presidente da República.

– Desde então, Bolsonaro foi impedido de comparecer à posse de Javier Milei na Argentina, de se reunir com Donald Trump nos EUA e de participar de encontros com líderes internacionais que hoje defendem a liberdade e os valores democráticos ocidentais.

– Enquanto isso, Lula transita livremente ao lado de ditadores, homenageia corruptos condenados, interfere em assuntos internos de outras nações e ainda posa como defensor da democracia.

– A verdade é clara: quem enfrenta o sistema está sendo punido, silenciado e isolado – mesmo sem provas, sem processo e sem julgamento. A perseguição é política, aberta e inaceitável.”

Eduardo e Senado

O ex-presidente também repetiu, ao longo da entrevista, concedida do lado externo do prédio do Senado, toda a defesa que já se acostumou a fazer no processo em que é julgado por tentativa de golpe de Estado.
Ele também defendeu a permanência do filho Eduardo nos Estados Unidos e comentou o plano de conseguir maioria no Senado na eleição de 2026, para “equilibrar os poderes”.

Deu no O Antagonista

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