Foto: Mário Agra/Câmara dos Deputados
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ignorou as críticas do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e a suposta perseguição do Supremo Tribunal Federal (STF) ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) citada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, no anúncio do tarifaço contra o Brasil e defendeu, em nota pública, “diálogo e estabelecimento de caminhos para fortalecer as parcerias da indústria paulista com os Estados Unidos”.
O comunicado foi divulgado nesta terça-feira (15/7), após reunião com empresários paulistas e o encarregado de Negócios da Embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, para tratar sobre as tarifas de 50% aos produtos brasileiras anunciadas por Trump. Logo após o encontro começar, Eduardo Bolsonaro criticou o governador de São Paulo nas redes sociais.
“Se você [governador Tarcísio de Freitas] estivesse olhando para qualquer parte da nossa indústria ou comércio estaria defendendo o fim do regime de exceção que irá destruir a economia brasileira e nossas liberdades. Mas como, para você, a subserviência servil às elites é sinônimo de defender os interesses nacionais, não espero que entenda”, escreveu Eduardo, em publicação no X.
Na reunião, a citação a Jair Bolsonaro na carta enviada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em que anuncia a tarifa de 50% aos produtos brasileiros, não foi mencionada. Os participantes do encontro também não mencionaram Lula diretamente, embora tenham falado sobre a relação democrática dos dois países.
O ex-presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) Paulo Skaf, que participou da reunião, disse que a conversa foi “em clima de diálogo construtivo”.
“O encontro representou um passo importante para o fortalecimento das relações diplomáticas e comerciais entre Brasil e Estados Unidos, reforçando uma parceria histórica de mais de 125 anos”, afirmou.
Sob reserva, aliados de Tarcísio afirmam que o governador não responderá às provocações de Eduardo Bolsonaro. Questionado por jornalistas, ele disse que ligar o “tarifaço” à anistia de Bolsonaro é uma “questão de ponto de vista” e que cuidará dos interesses do Estado de São Paulo. Ainda que curta, a resposta já foi mal vista por agentes de mercado, que afirmaram que Tarcísio e Eduardo “estão em divisões diferentes”.
Depois da reunião da manhã desta terça-feira (15/7), o governador preferiu não falar com a imprensa e enviou um comunicado 4 horas depois do encontro.
Leia a nota na íntegra
“O Governo do Estado de São Paulo reuniu nesta terça-feira (15) o encarregado de negócios da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, Gabriel Escobar, e empresários de setores da economia paulista que concentram a pauta de exportações, a exemplo do café, carne, citricultura, máquinas e equipamentos, sucroalcooleiro, energia, papel e celulose, aviação e transporte de cargas.
Durante o encontro, o governador Tarcísio de Freitas falou da importância do diálogo e estabelecimento de caminhos para fortalecer as parcerias da indústria paulista com os Estados Unidos. Os representantes do Estado, junto aos empresários, expuseram com exemplos o potencial impacto das novas tarifas, inclusive nos preços de produtos americanos. Foram colocadas também pelos empresários presentes as preocupações dos segmentos mais expostos aos impactos da elevação de tarifas comerciais anunciadas pelo governo norte-americano.
O Governo do Estado de São Paulo reforça o seu compromisso com o produtor, empresários e agronegócio paulista, e fará todo esforço necessário para garantir o melhor desfecho ao setor produtivo, bem como seus milhões de empregos gerados direta e indiretamente”.
Deu no Tribuna do Norte