Ideia de moeda comum do BRICS foi de Lula, diz chanceler russo

Foto: EFE / Fernando Bizerra

Em meio ao avanço de discussões sobre alternativas ao dólar dentro do BRICS, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, voltou a destacar que a proposta de criação de uma moeda comum no bloco foi originalmente apresentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A lembrança vem em um momento de tensão geoeconômica, marcado pelo anúncio do ex-presidente Donald Trump, que prometeu tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de agosto.

Lavrov, que esteve presente na cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, reforçou que Lula defende uma moeda que “não dependa de interesses unilaterais”. “Foi Lula quem sugeriu, há mais de um ano, que os países do BRICS avançassem em uma alternativa ao dólar americano para as transações comerciais. Desde então, o tema ganhou força nas reuniões do bloco”, afirmou o chanceler.

BRICS quer reduzir dependência do dólar

A proposta de uma moeda comum ou de mecanismos financeiros alternativos é defendida por países como Rússia, China, Brasil e África do Sul. Em 2025, o grupo lançou iniciativas como o BRICS Pay e o BRICS Cross-Border Payment System, para facilitar transações diretas em moedas locais, evitando o uso do dólar.

Lula reiterou durante a última cúpula: “O mundo não pode continuar sendo refém de uma moeda controlada por um único país. O que queremos é comércio com soberania”. A proposta, no entanto, ainda está em fase de estudo e enfrentaria obstáculos técnicos e políticos.

Tarifa de Trump é vista como resposta

A reação veio rápido. Em comunicado recente, o ex-presidente Donald Trump anunciou a imposição de tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros, alegando que o governo Lula “atua contra interesses americanos”. Nos bastidores, diplomatas avaliam que a medida também tem relação direta com o fortalecimento do BRICS e com a postura crítica de Lula em relação à hegemonia dos EUA.

Entre os produtos afetados estão carne bovina, suco de laranja, café e aeronaves da Embraer — todos com forte peso nas exportações brasileiras. Trump afirmou ainda que pode expandir tarifas a outros membros do BRICS, caso o bloco “continue a minar a autoridade dos EUA”.

Governo brasileiro promete resposta

Em reação imediata, o Itamaraty já trabalha em medidas de retaliação tarifária. Lula declarou que não aceitará “intimidações”, e que o Brasil “responderá com firmeza e equilíbrio”. O Ministério da Fazenda também estuda estratégias para proteger setores estratégicos afetados pelas tarifas.


Contexto: moeda do BRICS e nova ordem mundial

A discussão sobre uma moeda comum não é nova. Em 2023, Lula havia sugerido a criação de uma “moeda de referência comercial”, que serviria como unidade de troca entre os países do BRICS — uma proposta que encontrou respaldo principalmente na China e na Rússia, em resposta ao uso político do dólar por Washington.

Agora, com as tensões comerciais acirradas, a ideia volta ao centro do debate internacional.


Com informações da Revista Oeste, Reuters, AP News, Agência Brasil.

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