Emissário submarino e reservatórios: Prefeitura avalia alternativas para água acumulada na engorda de Ponta Negra

A secretária municipal de Infraestrutura de Natal, Shirley Cavalcanti, afirmou que a obra de engorda da praia de Ponta Negra está correta e cumpriu seu papel de proteção costeira, mas reconheceu que a presença de água servida na faixa de areia tornou necessária a avaliação de novas soluções de drenagem para o local. Em entrevista ao Tribuna Livre, da Jovem Pan News Natal, Cavalcanti revelou que entre as alternativas analisadas está o emissário submarino, que embora seja mais caro e demande estudos ambientais aprofundados, já é utilizado em outras cidades do país, como Fortaleza.

A secretária explicou que atualmente há o problema dos alagamentos na faixa de areia da engorda de Ponta Negra. Sobre isso, Shirley destacou que o aterro hidráulico – conhecido como engorda – foi concluído em janeiro, seguido pela ativação dos dissipadores, equipamentos que reduzem a força da água que chega à praia. No entanto, a água acumulada não é somente a da chuva, o que causa um grande volume. “Essa captação de água é muito grande, vem desde a Avenida Roberto Freire, com contribuição de mais de 40 hectares. O desnível faz com que ela desça com muita força”, explicou.

Segundo a secretária, a drenagem já estava implantada anteriormente, mas a faixa engordada permitiu visualizar o volume de água e revelou um problema grave: ligações clandestinas de esgoto contribuindo para a formação de espelhos d’água que demoram a infiltrar na areia. Cavalcanti afirmou que em Natal já houve multas aplicadas em casos semelhantes, mas em Ponta Negra ainda não houve porque o relatório está sendo finalizado.

“A engorda foi um indicativo técnico bem antigo. Não foi uma decisão de um político específico, mas baseada em estudos técnicos e ambientais de gestões anteriores. A drenagem também veio desses estudos e estava aprovada. Antes, todo esse volume de água ia direto para a praia, mas ninguém percebia porque o mar encostava no calçadão. Agora, com a faixa de areia engordada, conseguimos visualizar melhor o problema, que é a contribuição de esgoto. Já encontramos ligações clandestinas em Ponta Negra. Fizemos operações, temos relatórios geolocalizados e fotográficos encaminhados à Semurb. Ligação clandestina é crime ambiental e será autuada.”, explicou.

Shirley explicou que o tempo de infiltração varia de acordo com o volume de água, podendo durar até 24 horas em chuvas mais fortes, mas que a presença de matéria orgânica do esgoto torna a infiltração mais lenta. “O problema não é só o espelho d’água, mas essa água servida na faixa de areia. Precisamos pensar na situação ideal para a praia, e essa certamente não é. Queremos uma praia 100%, que satisfaça o natalense e o turista que venha aqui e ache Ponta Negra a praia mais linda do Brasil. É para isso que estamos trabalhando.”, descreveu.

Shirley reforçou que a engorda foi projetada e licenciada corretamente: “Não está errada, mas a finalização não está satisfatória para a população. Por isso estamos projetando um segundo momento. Não é porque a primeira drenagem está errada. Agora precisamos de outra solução para direcionar essa água, provavelmente para o mar, já que não temos rios próximos.”

O debate sobre o emissário submarino não é novo. Segundo a secretária, foi discutido há 20 anos durante a drenagem de Capim Macio, mas houve oposição do Ministério Público e a solução adotada foi a criação de cinco reservatórios no bairro. “Hoje em dia, esse tipo de solução é muito comum, como em Fortaleza, que tem emissário submarino e faixa de areia engordada. Não atrai tubarões, como algumas pessoas dizem. Mas sabemos que é uma obra mais cara, mais demorada e que exige estudos ambientais aprofundados.”, explicou.

A Prefeitura também realizou visitas técnicas à praia com o Ibama regional e nacional: “Foi unânime que a engorda era necessária e cumpriu seu papel. A própria sugestão do Ibama foi pensar em uma segunda drenagem para tirar essa água daqui, devido à contribuição da água servida. Não é uma decisão apenas do município. Estamos consultando o órgão ambiental e vamos seguir o direcionamento indicado pelos estudos, para que seja a decisão mais correta para a cidade.”

Ela concluiu afirmando que o município está analisando propostas de curto, médio e longo prazo, priorizando a solução mais adequada, não apenas a mais rápida. “Queremos uma praia 100%, que satisfaça o natalense e o turista que venha e ache Ponta Negra a praia mais linda do Brasil.”

Deu na ‘Tribuna do Norte’

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