Energia mais cara em julho preocupa setor produtivo

Foto: Adriano Abreu

O valor da conta de luz vai continuar impactando o bolso dos consumidores em julho. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu manter o acionamento da bandeira tarifária vermelha, no patamar 1, o que representa um acréscimo de R$ 4,46 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. A medida é válida para todo o país e reflete a escassez de chuvas nas regiões onde se concentram as principais usinas hidrelétricas, fonte primária da matriz energética brasileira. Com o prolongamento da bandeira vermelha, cresce a preocupação de representantes do setor produtivo e especialistas quanto aos impactos econômicos e sociais da alta no custo.

De acordo com Helder Cavalcanti, economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon-RN), o aumento acontece em razão do acionamento de fontes de energia mais caras, como as termelétricas. “Quando há uma redução do volume de água, a gente diminui a geração de energia mais barata, que é a hidrelétrica. Você vai ter uma conta de energia mais cara, mas evita algumas questões ambientais. As termelétricas são muito mais caras para jogar no nosso consumo. É interessante que as famílias observem os grandes vilões do consumo de energia: chuveiro elétrico, ar-condicionado, geladeira”, explica.

 

Ainda segundo economista, nessas situações, muitas pessoas deixam de usar o orçamento do mês para gastos essenciais – como alimentação – para poder incrementar o pagamento da conta de luz. Mesmo com o cenário de estiagem, Helder não acredita em agravamento do quadro. “Eu não acredito que passe da bandeira vermelha patamar 1. A gente tem tido um volume de chuvas que não chegou ainda nas hidrelétricas, mas acredito que chegue”, complementa.

 

O encarecimento da energia elétrica, no entanto, não afeta apenas os consumidores residenciais. Para o setor industrial, os efeitos também são significativos. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN), Roberto Serquiz, avalia com preocupação o novo cenário tarifário. “O aumento do custo da energia representa um fator adicional de pressão sobre a indústria potiguar, que já enfrenta desafios relacionados à elevada carga tributária, aos custos logísticos e às flutuações no mercado de insumos”, afirma.

 

Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam que a energia responde por cerca de 44% dos custos de produção industrial. Ainda segundo a FIERN, segmentos industriais de maior intensidade energética, como os setores têxtil, de minerais não metálicos, alimentos e bebidas são os mais vulneráveis. Parte significativa das grandes e médias indústrias opera no mercado livre de energia, que oferece contratos mais flexíveis, mas as pequenas empresas permanecem mais expostas aos impactos da bandeira vermelha.

 

“Há também preocupação quanto ao potencial repasse desses custos ao consumidor final, especialmente em cadeias produtivas em que a energia elétrica representa parcela relevante da estrutura de custos. Além disso, o encarecimento da energia desestimula investimentos e dificulta a recuperação da atividade econômica em um momento que demanda estímulos ao crescimento e à geração de empregos”, completa Roberto Serquiz.

 

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio Grande do Norte (Fecomércio RN) também reforça a necessidade de buscar alternativas para reduzir os custos energéticos no setor de serviços. Segundo o presidente Marcelo Queiroz, “o acionamento da bandeira vermelha já era previsto e é sazonal, tendo em vista o período de estiagem no país. Para os empresários, uma das alternativas para fugir dessas oscilações de preços seria o investimento nas usinas de energia solar ou avaliar a migração para o mercado livre de energia, a partir de contratos de médio e longo prazo”.

 

Dicas para economizar

 

Para além das medidas estruturais, consumidores devem ter atenção ao uso racional de equipamentos domésticos. A Neoenergia Cosern, distribuidora que atende o RN, recomenda atenção no uso de aparelho de ar-condicionado, ajustando a temperatura entre 23ºC e 25ºC e mantendo os filtros limpos. No caso dos chuveiros elétricos, optar pela função “verão” e tomar banhos rápidos são práticas que geram economia.

 

Já as geladeiras devem ser mantidas afastadas da parede, com boa vedação e livres de alimentos quentes recém-preparados. Para a iluminação, a dica é aproveitar a luz natural durante o dia e, quando necessário, utilizar lâmpadas de LED, que consomem menos energia e têm vida útil mais longa.

 

Como programa de incentivo, a Neoenergia Cosern mantém o projeto Vale Luz, que permite a troca de resíduos recicláveis por descontos na conta de energia. A iniciativa está presente em tendas fixas e itinerantes em cidades como Natal, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante. Além disso, por meio das Retorna Machines, espalhadas por supermercados e shoppings da capital, consumidores podem ganhar pontos que são convertidos em abatimento na fatura de energia.Vidros, plásticos, metais, papel e até eletrônicos estão entre os materiais aceitos.

Deu na ‘Tribuna do Norte’ 

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