O embaixador do Irã no Brasil, Abdollah Nekounam (foto em destaque), afirmou ao Metrópoles que o país vai, de fato, romper, ao menos temporariamente, a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão de fiscalização nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Conforme a Carta da ONU, um dos motivos pelo qual essa parada [da parceria] temporária irá acontecer é a violação de integridade territorial, insegurança sobre nossos cientistas e também pelas coisas que aconteceram durante este período”, disse Abdollah Nekounam.
Nessa segunda-feira (23/6), sob crescente tensão com os Estados Unidos (EUA), o Comitê de Segurança Nacional do Parlamento do Irã aprovou o esboço de um projeto de lei que propõe a suspensão total da cooperação com a AIEA.
A medida, segundo o porta-voz do comitê, Ebrahim Rezaei, inclui o fim da instalação de câmeras de vigilância, da permissão para inspeções e da entrega de relatórios à AIEA.
A resolução ainda precisa ser analisada pelo Conselho de Segurança Nacional e receber a aprovação final do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei (foto em destaque).
“Chegamos à conclusão de que o estreito deve ser fechado”, afirmou o parlamentar Ismail Kousari, integrante do Comitê de Segurança Nacional e Política Externa.
Segundo ele, os bombardeios norte-americanos violam a Carta da ONU e o Tratado de Não Proliferação Nuclear.
As instalações atacadas – Fordow, Isfahan e Natanz – estavam sob monitoramento da AIEA e tinham fins civis, de acordo com o governo iraniano.
Risco para o comércio global
O Estreito de Ormuz é uma das rotas marítimas mais estratégicas do planeta. Toda a costa norte pertence ao Irã, que controla em grande parte a hidrovia. Por ela, países como Iraque, Arábia Saudita, Kuwait, Bahrein, Catar e Emirados Árabes Unidos exportam petróleo e GNL.
Mais de 80% dessas exportações têm como destino países asiáticos como China, Índia, Japão e Coreia do Sul. O restante segue para a União Europeia (UE).
Deu na ‘Metrópoles’