(Foto: Reuters/Vasily Fedosenko)
O preço do petróleo Brent caiu 6,07% nesta terça-feira (24), cotado a US$ 67,14 o barril, com o mercado reagindo a dois fatores principais: o cessar-fogo entre Irã e Israel e a sabatina de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), no Congresso americano.
A queda marca o segundo dia consecutivo de desvalorização da commodity, impulsionada por um cenário de menor risco geopolítico e pela sinalização de que Donald Trump — atual presidente dos EUA — pretende manter o comércio de petróleo com o Irã.
Em publicação no Truth Social, Trump afirmou que a China pode continuar comprando petróleo iraniano e expressou esperança de que os EUA também ampliem as exportações para Pequim. O recuo da tensão entre Israel e Irã, mediado por Trump e com apoio do Catar, também contribuiu para o alívio nos preços do petróleo.
Mercados reagem ao tom mais brando de Powell
O depoimento de Jerome Powell ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos EUA reforçou a possibilidade de cortes de juros em breve, embora sem sinalizar diretamente a reunião de julho como provável data. Powell afirmou que “a inflação mais baixa e os dados trabalhistas mais fracos” podem justificar um corte, mas reiterou que o Fed não tem pressa.
As declarações vieram após o banco central manter a taxa básica inalterada na última semana. Integrantes do Fed, como Michelle Bowman e Christopher Waller, indicaram disposição para iniciar a flexibilização monetária ainda no próximo mês, aumentando a especulação sobre o ritmo de corte de juros.
O mercado interpretou os sinais como favoráveis a ativos de risco. O índice MSCI de moedas de mercados emergentes chegou a subir 0,8%, enquanto o dólar recuou frente à maioria das moedas globais. No Brasil, no entanto, o dólar subiu 0,29%, cotado a R$ 5,51.
Investidores voltam aos ativos de risco
A diminuição das incertezas no Oriente Médio e a possibilidade de cortes nos juros impulsionaram o apetite por ativos de risco. Ações de tecnologia e mercados emergentes se beneficiaram da reprecificação do risco global. O ouro, ativo tradicionalmente procurado em tempos de instabilidade, caiu 1,5%, a US$ 3.318 a onça, reforçando a percepção de que os mercados estão em modo “risk-on”.
O investidor Bill Gross avaliou que os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos dos EUA dificilmente cairão abaixo de 4,25%, citando déficits fiscais e desvalorização cambial como forças de sustentação da inflação. Por outro lado, ele projetou um “pequeno mercado de alta” para as ações, guiado pelo impulso da inteligência artificial.
Analistas como Emmanuel Cau, do Barclays, veem a atual retração nos preços de commodities e a trégua geopolítica como possíveis gatilhos para novas altas nos mercados acionários. “É perigoso para os investidores reagirem exageradamente a eventos como esse, que normalmente se transformam em pontos de entrada em vez de vendas duradouras”, afirmou.
Deu no ‘Conexão Política’