BC de Galípolo repete alertas do BC de Campos Neto a Lula

(Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil)

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central publicou nesta terça-feira, 24, a ata da reunião em que decidiu elevar em 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros, para 15% ao ano.

Ao explicar por que decidiu elevar a Selic ao maior patamar em 19 anos, o comitê liderado por Gabriel Galípolo (foto), que foi indicado por Lula, repetiu alertas sobre a política fiscal do governo federal que o Copom fazia na época de Roberto Campos Neto, indicado por Jair Bolsonaro.

“A política fiscal tem um impacto de curto prazo, majoritariamente por meio de estímulo à demanda agregada, e um impacto de médio prazo, que incorpora os efeitos do prêmio a termo da curva de juros. Uma política fiscal que atue de forma contracíclica e contribua para a redução do prêmio de risco favorece a convergência da inflação à meta”, diz a ata do Copom, que segue:

“Assim, o debate mais recente, com ênfase na dimensão estrutural do orçamento fiscal e na redução ao longo do tempo de gastos tributários, tem potencial de afetar a percepção sobre a sustentabilidade da dívida e de ter impactos sobre o prêmio da curva de juros.”

“Esmorecimento no esforço de disciplina fiscal”

“O Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade”, diz a ata divulgada nesta terça.

A última ata do Copom sob a presidência de Campos Neto, publicada em dezembro de 2024, dizia exatamente o mesmo:

“O Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade.”

A ata divulgada nesta terça finaliza o trecho sobre a política fiscal assim:

“O Comitê, em sua análise de atividade, manteve a firme convicção de que as políticas devem ser previsíveis, críveis e anticíclicas. Em particular, o debate do Comitê evidenciou, novamente, a necessidade de políticas fiscal e monetária harmoniosas.”

De quem é a culpa?

Lula e seus aliados usaram Campos Neto de espantalho durante os dois primeiros anos do governo. Galípolo foi apresentado pelos petistas como antídoto ao que classificavam como sabotagem do indicado por Bolsonaro, mas o BC segue dizendo que parte da culpa pela alta na taxa básica de juros é das políticas irresponsáveis do Palácio do Planalto.

Os petistas fingem, agora, que Galípolo não existe. Após passar meses culpando Campos Neto pelos sequenciais aumentos na taxa básica de juros em 2025, mesmo depois de ele ter deixado o comando do BC em dezembro de 2024, os governistas omitem o nome do indicado por Lula nas reclamações sobre a Selic. E seus lamentos são uma ótima notícia sobre a independência do BC.

Deu no ‘O Antagonista

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