Gilson Machado Filho: “Meu pai foi preso e solto sem devido processo legal”

Filho do ex-ministro do Turismo Gilson Machado e vereador por Recife (PL-PE), Gilson Machado Filho foi o mais votado da história do Partido Liberal para uma cadeira em legislativo municipal. Após a prisão e soltura de seu pai na última sexta-feira (13), o vereador voltou a denunciar o que considera uma perseguição política do Supremo Tribunal Federal (STF) a aliados e ao próprio ex-presidente Jair Bolsonaro. Em nome de seu pai, que não pode se pronunciar no momento, Gilson respondeu à coluna e ao programa Entrelinhas sobre os desdobramentos da prisão do ex-ministro, as implicações políticas do caso e os impactos que enxerga na democracia brasileira.
Entrelinhas: Como o senhor recebeu a prisão do seu pai, Gilson Machado, na última sexta-feira?
Gilson Machado Filho: A gente está vivendo uma fase obscura do setor judiciário. Infelizmente, temos hoje filhos órfãos de pais vivos. Eu pude viver isso na pele quando vi meu pai sendo arrancado de casa sem ter cometido um crime sequer. Ele sempre ensinou que tudo se conquista com trabalho. Construiu sua história como empresário e nunca foi político — foi ministro técnico no governo Bolsonaro, reconhecido por ações como a isenção de vistos para países importantes. Foi muito triste ver ele sendo preso injustamente.
Entrelinhas: Quais são as injustiças nessa prisão?

Gilson Machado Filho: Ele foi preso e solto no mesmo dia, sem o devido processo legal. Recebemos o processo só à noite. Ele foi preso sem saber por quê, sem chance de o advogado recorrer. Isso mostra a arbitrariedade que estamos vivendo. Meu pai não é deputado, nem senador, nem presidente — jamais poderia estar sendo julgado pelo STF. A acusação de que ele ia tirar passaporte para Mauro Cid é falsa. Na verdade, ele só ligou para o consulado português para renovar o passaporte do meu avô, que inclusive foi ao consulado no dia seguinte.
Entrelinhas: Alguns analistas acreditam que a prisão teria sido apenas um pretexto para apreender o celular do seu pai. Qual é sua opinião?
Gilson Machado Filho: É isso que todo mundo está falando. Se o interesse era o celular ou o passaporte, bastava uma busca e apreensão. Para que prender? Prenderam de manhã, soltaram à noite. E ainda levaram o carro dele. Hoje ele está sem carro, estou emprestando o meu. Isso é muito grave. O advogado dele disse nunca ter visto algo dessa magnitude. E olha que ele é advogado experiente. No fim, o ministro Alexandre de Moraes revogou a prisão, mas reteve celular, passaporte e impôs restrições absurdas.
Entrelinhas: O que mudou na vida de seu pai de sexta-feira para cá?

Gilson Machado Filho: Ele está muito triste, mas tranquilo. Ele acredita na justiça divina. Recebeu mensagens de solidariedade de todos os partidos — inclusive da esquerda. Isso mostra que todos entenderam que houve uma perseguição. Meu pai nunca cometeu crime algum. Ainda assim, colocaram cinco medidas cautelares contra ele. Ele não pode falar com o presidente Bolsonaro, não pode sair de Recife, mesmo morando em Jaboatão dos Guararapes. Teve o celular apreendido e precisa se apresentar de 15 em 15 dias.
Entrelinhas: Seu pai é sanfoneiro e tem compromissos profissionais neste período de São João. Como ele está sendo afetado?
Gilson Machado Filho: Ele tem mais de dez shows marcados e não pode sair de Recife. Isso afeta diretamente o sustento da nossa família e de muitas outras. Meu pai é empresário, depende disso para viver. Estamos tentando reverter essas medidas cautelares porque ele jamais fez algo errado. E temos fé que isso vai acontecer.
Ele mandou um abraço a todos que mandaram mensagens de solidariedade. Ainda está processando tudo. Imagina um homem íntegro, que sempre trabalhou, ver isso acontecer. Cerca de 250 famílias dependem diretamente do trabalho dele. E ele agora está proibido até de sair de Recife. Mas ele não vai desistir do Brasil. Vamos lutar para remover essas medidas cautelares e seguir em frente.

Entrelinhas: O senhor acredita que há uma perseguição política em curso?
Gilson Machado Filho: Sem dúvida. Estão tentando, a todo custo, incriminar Jair Bolsonaro. E qualquer nome associado a ele está sendo atingido. Meu pai era cotado ao Senado em 2026. Agora, temos mais um indiciamento contra Bolsonaro, Carla Zambelli e outros. É uma tentativa de eliminar adversários políticos do presidente Lula. Eles tentam construir uma narrativa, mas todas já falharam: Queiroz, imóveis, vacinas, cartão corporativo, joias… até importunação de baleia. Nada colou. Eles estão desesperados.
Entrelinhas: Como o senhor avalia essa movimentação do Judiciário a pouco mais de um ano das eleições?
Gilson Machado Filho: Essa prisão teve também um efeito psicológico, uma tentativa de impor medo. Estão tentando amedrontar os aliados de Bolsonaro. Mas o que não nos mata, nos fortalece. Como diz a Bíblia: “Não temas” — isso aparece 365 vezes nas Escrituras. Vamos lutar para eleger senadores com coragem, que equilibrem os poderes. Hoje, o Senado tem deixado o STF mandar no Brasil. A gente precisa de independência, não de submissão.

Entrelinhas: A censura também tem sido tema constante, especialmente depois de o STF julgar a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet. O senhor vê riscos à liberdade de expressão nas eleições de 2026?
Gilson Machado Filho: A direita tem o triplo do engajamento nas redes, e isso incomoda. Agora estão jogando sobre as plataformas a responsabilidade de remover conteúdo. Com medo de multas, elas retiram qualquer coisa, muitas vezes legal, com base só numa denúncia anônima. Isso é censura disfarçada. E hoje é contra a direita, mas amanhã pode ser contra qualquer um. Precisamos de união e lucidez. Nem na ditadura militar vimos algo assim.

Deu na Gazeta do Povo

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