A eleição do novo papa da Igreja Católica, anunciada em 8 de maio de 2025, surpreendeu e aponta caminhos para reunificar a instituição. A escolha de um norte-americano, o primeiro na história, é vista como estratégica, especialmente por sua reconhecida habilidade administrativa, que pode fortalecer a gestão da Igreja.
O escolhido, Cardeal Robert Francis Prevost, nasceu em Chicago e foi naturalizado peruano. Sua trajetória inclui cerca de 11 anos de atuação no Peru (1985-1986 e 1988-1998), onde serviu como bispo de Chiclayo. Membro da Ordem de Santo Agostinho, sua formação agostiniana sugere um pontificado voltado à fé e ao humanismo.
Por sua vez, a escolha do nome Leão remete ao Papa Leão XIII, cujo legado inspira o novo pontífice. Leão XIII (1878-1903) marcou a história com a encíclica *Rerum Novarum*, que defendeu a justiça social e os direitos dos trabalhadores, reconciliou fé e razão, promoveu o tomismo, fortaleceu a Igreja global, abriu os Arquivos do Vaticano e valorizou o Rosário.
A homenagem de um agostiniano a um papa de influência tomista indica um pontificado que busca equilibrar espiritualidade, reflexão filosófica e razão.
Para entender o que esperar de Leão XIV, é essencial analisar seu passado. Alinhado à visão pastoral do Papa Francisco, que prioriza os pobres, os migrantes e as causas ambientais, promovendo uma Igreja mais assistencialista, o que agrada a visão mais à esquerda.
Contudo, no Peru, onde a Igreja tem perfil conservador, ele se destacou por reformas, mas manteve posições doutrinárias tradicionais, como a oposição à ordenação de mulheres como diaconisas, críticas à educação de gênero e ao que chamou de “famílias alternativas”, além de apoiar imigrantes, sobretudo venezuelanos que fugiram do regime de Nicolás Maduro.
Com relação ao governo norte-americano, fez uma crítica coerente à política migratória de Trump e uma resposta crítica à visão cristã de JD.Vance, que hierarquizou o amor, algo que, na visão do novo papa, não existe.
No campo das controvérsias, o novo papa enfrentou, durante seu período como bispo de Chiclayo, uma acusação de má gestão em casos de abuso sexual, com denúncias de que não investigou adequadamente alegações contra clérigos em 2022. Essas acusações, embora não tenham impedido sua eleição, levantam questões sobre sua atuação administrativa em situações delicadas.
Por fim, Leão XIV emerge como uma figura de equilíbrio: progressista em questões sociais, como pobreza e meio ambiente, mas conservador em temas doutrinários. Sua habilidade de dialogar com diferentes espectros ideológicos, aliada à experiência administrativa, promete um pontificado com ótimas perspectivas, embora com desafios complexos.