Registra a história que o estrangeiro João André de Bakker, ascendente de um dos fundadores e veterano remador do Sport Clube de Natal, Clodoaldo Bakker (atleta do meio na foto), não poderia ter falecido em agosto de 1889, como assinalou, erroneamente , o escritor Luís da Câmara Cascudo, numa das colunas da “Acta Diurna” no extinto jornal “A República” (1942).
Na reportagem anterior desta sequência ficou esclarecido que o personagem João André de Bakker, pouco mais de seis meses da Proclamação da República, é nomeado segundo-escriturário da Alfandega em substituição ao titular por motivo de doença deste (2/7/1890).
| Mas a primeira prova cabal de que estava vivinho da silva no segundo semestre de 1889 é a assinatura de João Bakker na Ata da Proclamação da República no Rio Grande do Norte, em 17 de novembro, dois dias depois do golpe no Rio de Janeiro contra a Monarquia. |
E talvez daí tenha vindo a primeira benesse política de reconhecimento ao faz tudo na vida João André de Bakker, natural da Holanda ou Bélgica, não importa, um dos seis estrangeiros a assinar o histórico documento entre mais de uma centena de assinaturas.
Em reportagem exclusiva para o site “NAVEGOS” o redator já havia apontado os nomes dos demais estrangeiros signatários do documento: o austríaco Nicolau Bigois (comerciante), o canadense Alexandre James O’Grady (engenheiro da Great Western), o holandes Filipe Leinhardt (empresário do serviço de água), o norte-americano Lyle Nelson (chegou a intendente municipal de São José do Mipibu) e o italiano Àngelo Roselli (comerciante).
Entre os assinantes também estão o depois deputado provincial Luiz Emygdio Pinheiro da Câmara (consta ser sogro de João Bakker) e o primeiro médico potiguar Luiz Carlos Lins Wanderley, formado na Faculdade de Salvador (Bahia), mencionado na reportagem anterior.
Pelo visto, não custa nada repetir, Cascudinho teria cometido o lapso por se valer, além das fontes impressas, acreditar em depoimento oral de um parente ou pessoa próxima da família e descendentes de João Bakker.
O curioso é que a revista do Instituto Histórico e Geográfico publica a ata da proclamação da República antes de sair do prelo uma história do RN de Cascudo com apoio do ex-prefeito de Natal e então governador Sílvio Piza Pedrosa.