Na manhã desta terça-feira (25), em pronunciamento durante a sessão plenária da Assembleia Legislativa (ALRN), o deputado estadual Dr. Bernardo (PSDB) manifestou preocupação com a propagação de cursos de medicina no Brasil “sem a devida atenção aos critérios de qualidade”. O parlamentar enfatizou os potenciais impactos negativos dessa situação no atendimento à saúde pública, especialmente para a população mais carente atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“O tema que me traz hoje a esta tribuna é uma preocupação que transcende a nossa atuação legislativa, mas que impacta diretamente no atendimento da saúde pública da nossa população, em especial a população mais carente que é aquela atendida lá na ponta, no SUS, no seu dia a dia. Trata-se da criação indiscriminada, e eu diria até às vezes me parece criminosa, dos cursos de medicina no Brasil”, declarou Dr. Bernardo.
O deputado esclareceu que não é contrário à criação de novos cursos de medicina ou à ampliação do acesso à formação médica, reconhecendo a necessidade de mais profissionais na área. No entanto, ele apontou que o crescimento no número de cursos não tem sido acompanhado pela manutenção da qualidade. Para ilustrar a gravidade da situação, o deputado mencionou um aumento de 506% nos processos por erros médicos no Brasil de 2023 para 2024, o que ele considera “uma prova incontestável da deficiência na formação atual”.
O parlamentar estabeleceu uma distinção entre a formação médica do passado e a atual, argumentando que, há algumas décadas, os cursos se preocupavam não apenas com a informação, mas também com a formação de médicos com vocação. Segundo ele, a motivação de muitos estudantes hoje seria diferente, resultando em profissionais sem o preparo adequado para oferecer uma saúde pública de qualidade.
Dr. Bernardo expressou seu espanto ao tomar conhecimento de um vestibular de medicina online que seria realizado por uma universidade em Pernambuco. Ele concluiu seu pronunciamento com um apelo aos legisladores para que combatam essa prática, reiterando a importância de criar cursos de medicina de forma responsável e com critérios de qualidade bem definidos. O deputado enfatizou que, embora seja necessário aumentar o número de médicos, isso não pode ocorrer de maneira indiscriminada.