Em Natal, 62,5% dos itens da cesta básica sobem de preço, diz Procon

No acumulado dos últimos 12 meses, o custo da cesta básica aumentou 6,63%; consumidores sentem os efeitos das altas nos preços. Foto: Anderson Régis

O preço da cesta básica subiu 3% no mês de janeiro em Natal, a um custo médio de R$ 441,63. No mês anterior, o preço médio era de R$ 428,62, o que representa um acréscimo nominal de R$ 13,01, considerando quatro categorias de produtos pesquisadas. Entre os 40 itens que compõem a cesta básica, 25 registraram aumento de preço em comparação ao mês anterior, o que equivale a 62,5% do total. Carne e café são os que mais chamam a atenção dos consumidores, seguindo uma tendência dos últimos meses.

As categorias de mercearia, açougue e hortifruti apresentaram aumentos de 2,34%; 3,43% e 3,45%, respectivamente. Já na categoria de higiene/limpeza foi identificada uma redução mínima de (-0,62%). De acordo com a diretora do Procon Natal, Dina Pérez, os preços variam conforme o tipo de estabelecimento.

“Nos hipermercados, onde os valores costumam ser mais altos, a cesta chegou a R$ 474,90. Nos supermercados de bairro, a média foi de R$ 439,07, enquanto nos atacarejos, que oferecem melhores condições, o consumidor encontrou a cesta por R$ 414,59”, detalhou.
Entre os produtos cujos preços mais subiram, o café moído e torrado (250g) apresentou a maior alta, com 17,85%, alcançando R$ 17,53. Os dados apontam ainda um reajuste de 3,21% no valor médio da carne de primeira, que fechou o período a R$ 51,22/kg. O tomate registrou aumento de 16,75%, enquanto a cebola teve alta de 24,83%. Já a banana subiu 7,13%, o feijão-carioca aumentou 1,99% e o óleo de soja, 0,82%.

Nos supermercados, consumidores também sentem os efeitos das altas nos preços, refletida nos números da pesquisa. A dona de casa Elizângela da Silva Souza, de 46 anos, afirma que suas compras mensais passaram de R$ 600 para quase R$ 800 no mês, consumindo os mesmos produtos, basicamente na mesma quantidade. “A gente sente que aumenta a feira mensal”, disse, destacando o impacto principalmente nas carnes, café e produtos de limpeza.

Para quem tem o hábito de receber visitas em casa com um cafezinho, pode ser preciso repensar antes de oferecer a bebida, pois tais encontros podem ficar cada vez mais caros. É o que sugere a operadora de caixa, Laura Laís, de 31 anos. “O cafezinho de cada dia está caro. Hoje em dia, se você for receber uma visita em casa, já não oferece mais café, é só chá”, brincou. Ela afirmou que, por passar o dia fora, o impacto do aumento é menor no seu orçamento e, por isso, mantém o café na sua lista de compras. “Mas para quem fica em casa a situação é mais complicada”, frisou.

A vendedora Fátima Santos, de 67 anos, também percebe a alta nos preços e comenta que é preciso economizar em outras despesas para garantir o orçamento da feira. “Leite, café, carnes, tudo está mais caro. Mas a gente não pode parar de comer, então tem que comprar, mesmo com o aumento. Aí precisa aumentar o gasto”, declarou.

Acumulado
No acumulado dos últimos 12 meses, o custo da cesta básica aumentou 6,63%. Em janeiro de 2024, o valor médio era de R$ 416,11, enquanto atualmente está em R$ 441,63, o que representa um acréscimo de R$ 31,52 no orçamento das famílias.

Segundo Dina Pérez, diversos fatores explicam o aumento. “Esse comportamento dos preços reflete o impacto da safra agrícola, oscilações nos custos de transporte e produção, além da demanda do mercado”, diz a diretora do Procon/Natal.
Já o aumento do café pode estar ligado à quebra de safra em algumas regiões produtoras, enquanto as altas nos hortifrutis, como tomate e cebola, podem estar associadas ao período de chuvas, que reduz a oferta, segundo explicou Pérez.

O estudo do Procon mostra que o consumidor natalense vem perdendo o poder de compra de alimento e subsistência, fato esse verificado em análise da cesta básica com o salário-mínimo que, em tese, deve suprir as necessidades alimentares básicas de uma família com quatro pessoas durante um mês. Em relação à cesta básica, o custo é de 31,64%, o que representa 64,39 horas de trabalho no mês. Neste sentido, para suprir as necessidades de uma família, o salário mínimo, fixado em R$ 1.518, deveria ser de R$ 5.186,12, segundo o Procon.
Deu na Tribuna do Norte

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