Após fracasso do PT na eleição, Lula embarca na campanha de aliados no 2º turno

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva| Foto: EFE/ Andre Borges

 

Depois de sinalizar aos aliados que não pretendia se envolver diretamente na disputa municipal no segundo turno, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desenhou uma agenda que envolve encontros com candidatos que terão apoio do Palácio do Planalto em pelo menos duas capitais, São Paulo (SP) e Fortaleza (CE). Além disso, existe ainda uma discussão sobre a possibilidade de o petista visitar outras duas capitais: Natal (RN) e Belo Horizonte (MG).

“Lula vai estar presente naquilo que é possível enquanto presidente da República”, disse o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais. O chefe do Executivo se reuniu nesta segunda-feira (7) com seus ministros e líderes da base no Congresso para fazer um balanço dos resultados das urnas no primeiro turno.

A avaliação é de que, mesmo com Lula na Presidência da República, o PT teve um desempenho frágil nas eleições municipais após não ter conseguido eleger nenhum prefeito em capitais nesta primeira rodada. O partido vai para o segundo turno em quatro capitais: Fortaleza, Cuiabá, Natal e Porto Alegre. Em São Paulo, o candidato Guilherme Boulos, do Psol, apoiado por Lula, está no segundo turno.

No entanto, em nenhuma delas o candidato de Lula terminou a primeira rodada de votação na frente. Além disso, o Partido dos Trabalhadores não conseguiu chegar ao segundo turno em outras capitais onde havia expectativas de vitórias, como em Goiânia e em Teresina.

O PT também fracassou no berço político de Lula, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, onde o candidato do partido, Luiz Fernando, não conseguiu avançar para o segundo turno. O petista terminou a votação com um pouco mais de três pontos atrás do segundo colocado, o deputado federal Alex Manente (Cidadania).

A cidade do ABC, onde o presidente iniciou sua vida sindical, foi administrada pelo PT durante 24 anos. A sigla, no entanto, foi derrotada em 2016, quando o PSDB elegeu Orlando Morando. O tucano foi reeleito também em 2020.

“É preciso entender que a gente vive um processo de recuperação, reorganização. A eleição de 2016 foi difícil, a de 2020 foi difícil e, agora, a de 2024 mostra um processo de reconstrução do PT no processo eleitoral local, o que é muito importante”, minimizou a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.

Diante desse cenário, a expectativa é de que Lula escolha em quais regiões vai atuar e foque em apenas uma região onde o PT terá candidatos no segundo turno, a região Nordeste. A justificativa oficial do Planalto é de que a viagem do presidente à Rússia no final deste mês inviabiliza agendas com os demais candidatos.

O petista vai participar da cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Irã) entre os dias 21 e 23 de outubro. A viagem a Kazan acontece uma semana antes do segundo turno, marcado para 27 deste mês.

“Sabemos da força dessa “extrema-direita” no país, ninguém nega essa força, ninguém nega a capilaridade nacional dessa força. Agora acreditamos que, no segundo turno, essas lideranças que compõem essa frente ampla do presidente Lula têm todas as condições de derrotar, inclusive, essas lideranças de extrema-direita”, disse o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, depois da reunião com Lula. Padilha chama genericamente a direita de “extrema-direita” em tom pejorativo.

Aliados querem visita de Lula no Nordeste antes do 2º turno 

Das quatro capitais onde o PT estará no segundo turno, existe uma expectativa de que Lula participe de agenda ao menos em Fortaleza e em Natal. A avaliação é de que por estarem no Nordeste, a presença de Lula nessas cidades pode influenciar diretamente no eleitorado.

Em Fortaleza, o partido ficou em segundo lugar ao receber 34,30% dos votos para Evandro Leitão. O petista vai concorrer contra André Fernandes (PL), que obteve 40,37% dos votos e conta com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A visita ao estado cearense vem sendo costurada pelo ministro da Educação, Camilo Santana, e deve acontecer ainda nesta semana. A previsão é de que Lula faça uma agenda institucional na quinta-feira (11) para entregas de casas do Minha Casa, Minha Vida e na sexta-feira (12) realize uma caminhada no centro da cidade com Evandro Leitão.

Ainda na cidade, o presidente pretende gravar peças publicitárias para o horário eleitoral do candidato petista da capital cearense. Além de Fortaleza, o Palácio do Planalto desenha uma viagem de Lula para a cidade de Natal, onde Natália Bonavides (PT) chegou ao segundo turno após receber 28,50% dos votos.

A petista ficou atrás de Paulinho Freire (União), que recebeu 44,13% dos votos. A pressão para que Lula entre na campanha da capital do Rio Grande do Norte veio depois que a petista conseguiu avançar na disputa mesmo diante da ausência do presidente.

“Ainda não falei com Lula, mas ele vai vir. Ele ia vir no primeiro [turno], mas vimos o que aconteceu em relação às queimadas, e ele não conseguiu estar aqui. Já falei com a presidente do PT, Gleisi [Hoffmann], e está todo mundo animado. O presidente será um importante reforço”, afirmou a candidata após o resultado das urnas.

Lula cancelou uma visita que faria à região na véspera do primeiro turno, depois que o avião presidencial enfrentou problemas técnicos em uma viagem do México para o Brasil. Agora, além de uma agenda pela cidade, a expectativa dos aliados é de que o presidente também grave materiais de campanha para o segundo turno.

“Enfrentaremos desafios, mas vamos traçar um caminho claro e com o apoio fundamental do presidente Lula e o meu”, afirmou a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra.

Na contramão do Nordeste, Lula deve se ausentar da disputa de duas capitais onde o PT também terá candidatos: Porto Alegre, com Maria do Rosário, e Cuiabá, com Lúdio Cabral. Segundo integrantes do Planalto, o período curto da campanha inviabiliza a presença do presidente nessas cidades.

Aliados das campanhas, no entanto, ainda buscam junto ao governo a possibilidade de agendas antes do fim da disputa.

Informações da Gazeta do Povo

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