O Hospital Walfredo Gurgel funcionará até novembro com 50 leitos a menos. O motivo é a realização de uma reforma em uma enfermaria no segundo andar do prédio, segundo Geraldo Neto, diretor do Hospital. Por conta disso, a unidade de saúde tem enfrentado problemas de superlotação e três salas de cirurgia precisaram ser fechadas para abrigar pacientes. Com isso, pacientes recém-cirurgiados têm levado mais tempo para conseguir um quarto.
Geraldo Neto, que dirige a unidade, explicou que a reforma, juntamente com o aumento do número de atendimentos registrado desde julho, gerou a crise atual. Segundo ele, o cenário já era esperado. “A reforma da enfermaria do segundo andar bloqueou 50 leitos e isso está impactando diretamente no pronto-socorro e no centro cirúrgico, então, a superlotação já era esperada”, pontuou o gestor.
A previsão é que a reforma seja concluída no final de novembro. Para tentar reduzir os impactos, Neto diz que tem cobrado a celeridade nos serviços. “Queremos agilizá-los o máximo possível”, afirmou. Questionado sobre alternativas que poderiam ter sido implementadas tentar reduzir os efeitos, o diretor disse que uma das opções seria a conclusão das obras do anexo do centro cirúrgico, que está sendo construído no hospital.
“Mas a decisão por reformar o segundo andar agora foi da Sesap, a partir de um acordo com o Ministério Público”, esclareceu. Procurada, a Secretaria informou que “abriu leitos nos hospitais João Machado e Deoclécio Marques para atender à demanda do Walfredo em virtude da obra. A construção do novo centro cirúrgico é independente, sem relação com a questão das enfermarias”, respondeu a pasta. Mesmo com a situação, Geraldo Neto garante que não há filas para cirurgia na unidade, justamente em função da chamada rede suplementar – demais unidades que dão apoio ao hospital.
“Não tem filas de cirurgia. Nossa maior demanda é ortopedia, mas temos outras unidades que fazem esses atendimentos, como o Deoclécio, Memorial e Paulo Gurgel. O paciente está levando em média, 48 horas para passar por uma cirurgia aqui no Walfredo. Esse é o tempo de preparo habitual” explica Geraldo Neto.
Segundo Rosália Fernandes, coordenadora do Sindsaúde, na manhã de ontem, havia nove pessoas nas salas de cirurgias (cinco em uma e quatro em outra), à espera de uma vaga na sala de Recuperação Pós-Anestesia (RPA), a qual, por sua vez, estava lotada, com 11 pacientes. “Eles ficam na RPA aguardando vaga para a enfermaria”, diz Fernandes. Além disso, segundo ela, uma terceira sala de cirurgia estava ocupada com dois pacientes esperando uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) específica, chamada de Recuperação Pós-Anestesia Intensiva (RPAI). “Os pacientes que passaram por procedimentos cirúrgicos deveriam aguardar apenas o fim dos efeitos anestésicos para ir para a RPA, mas alguns estão passando até 48h nesses locais, bloqueando as salas”, denuncia Rosália Fernandes.
Atendimento
Familiares de pacientes internados no hospital disseram à reportagem nesta segunda-feira que não têm havido dificuldades para conseguir atendimento no Walfredo. O mestre de obras José Adriano chegou no domingo (25) à unidade com o filho, que sofreu um acidente de moto em Cerro Corá, no interior do Estado e teve traumatismo craniano. “O atendimento foi rápido. Ele [o filho] já chegou aqui entubado, fez tomografia, raio-x e está na UTI. O quadro é estável. Estamos esperando 72h para uma nova análise. Quando chegamos, o movimento estava muito grande, mas hoje pela manhã está bem mais tranquilo”, contou.
Já Fernanda Rocha chegou à unidade no sábado (24), com o irmão, vítima de atropelamento. “De lá até hoje [na segunda-feira], tem momentos em que o hospital fica muito tumultuado e tem horas em que fica mais tranquilo. O nosso atendimento, graças a Deus foi rápido. Meu irmão está bem, aparentemente sem nada grave, mas espera para realizar uma tomografia”, contou ela que veio de Tibau do Sul.
A Sesap afirmou que desde julho o Walfredo Gurgel apresenta alta no número de atendimentos, o que tem contribuído para o cenário atual. Segundo a pasta, no mês passado houve recorde no número de atendimentos a motociclistas vítimas de acidentes de moto, que chegaram a 860, uma alta de 13,6% em relação ao mês anterior. “Nesse caso, são situações imprevisíveis, que não estão sob controle da administração”, comenta o diretor Geraldo Neto.
Deu na Tribuna do Norte