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Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo é celebrado nesta terça

© Unicef/ONU

 

O autismo afeta uma em cada 100 crianças em todo o mundo, informa a Organização Mundial de Saúde (OMS) no Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, comemorado nesta terça-feira (2). A data foi criada em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de difundir informações sobre essa condição do neurodesenvolvimento humano e reduzir o preconceito que cerca as pessoas afetadas pelo Transtorno do Espectro Autista (TEA). 

O TEA é caracterizado por dificuldades na comunicação e interação social, podendo envolver outras questões como comportamentos repetitivos, interesses restritos, problemas em lidar com estímulos sensoriais excessivos (som alto, cheiro forte, multidões), dificuldade de aprendizagem e adoção de rotinas muito específicas.

“O autismo hoje é compreendido como espectro de manifestação fenotípica bastante heterogênea, ou seja, existem várias manifestações diferentes do autismo. E essas manifestações ocorrem também com sinais mais ou menos evidentes em algumas pessoas”, afirma o neuropsicólogo Mayck Hartwig.

O TEA pode se manifestar em três níveis, que são definidos pelo grau de suporte que a pessoa necessita: nível 1 (suporte leve), nível 2 (suporte moderado) e nível 3 (suporte elevado).

Coautora do livro Mentes Únicas e especialista em Distúrbios do Desenvolvimento, Luciana Brites afirma que o 2 de abril é importante para informar a população sobre o autismo.

“É um transtorno que tem impacto muito grande porque afeta principalmente a cognição social, os pilares da linguagem. Esse espectro tem diversas nuances que compõem o quadro. E é um quadro heterogêneo. De um lado você tem autistas com altas habilidades e outros com deficiência intelectual. Alguns com hiperatividade e outros mais calmos”, afirma Luciana.

No Brasil, existe uma Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, conhecida como Lei Berenice Piana, criada em 2012, que garante aos autistas o diagnóstico precoce, tratamento, terapias e medicamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além do acesso à educação, proteção social e trabalho.

Além disso, a política nacional considera o autista pessoa com deficiência para todos os efeitos legais. Em 2020, outra legislação, a Lei Romeo Mion, cria a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), que pode ser emitida gratuitamente por estados e municípios.

A Ciptea é uma resposta à impossibilidade de identificar o autismo visualmente, facilitando a ele o acesso a atendimentos prioritários e a serviços a que tem direito, como estacionar em uma vaga para pessoas com deficiência.

A pessoa com TEA tem direito a receber um salário mínimo (R$ 1.412) por mês, por meio do Benefício de Prestação Continuada (BPC), caso seja incapaz de se manter sozinha e a renda per capita da família for inferior a um quarto do salário mínimo, ou seja, R$ 353.

Fonte: Agência Brasil

Ciências

Pesquisa do RN pode ajudar a compreender a manifestação do autismo

 

Caracterizado por alterações no neurodesenvolvimento, o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição cuja prevalência tem aumentado progressivamente ao longo dos anos.

De acordo com o relatório de 2021 do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, cujos dados também são utilizados por profissionais brasileiros diante da carência de dados nacionais sobre a condição, uma a cada 44 crianças até 8 anos de idade é diagnosticada com autismo.

Apesar de apresentar alguns sinais característicos, pesquisadores e profissionais da saúde ainda buscam entender de forma aprofundada as causas dessas alterações e suas diferentes manifestações. Pesquisadores do Instituto Santos Dumont (ISD), em Macaíba, no Rio Grande do Norte, deram um passo para ajudar na compreensão da manifestação do autismo a partir da análise de células do cérebro.

Estudos conduzidos pela Universidade da Califórnia publicados em 2011 constataram que a curva de crescimento cerebral de pessoas com autismo em fases iniciais da vida difere daquelas sem a condição, com tendência que crianças com TEA apresentem um cérebro e uma quantidade de neurônios maiores durante os primeiros anos da infância.

A partir da análise de imagens do cérebro de 22 crianças, das quais 11 tinham diagnóstico de autismo e 11 não possuíam a condição, disponibilizada pelo Allen Institute for Brain Sciences, a neuroengenheira e psicóloga Lívia Nascimento buscou investigar como esses diferentes cérebros manifestavam características a nível celular em uma área específica, cujas funções estão associadas à atividades que podem ser afetadas em pessoas com TEA, como a comunicação e as interações sociais, chamada de córtex pré-frontal dorsolateral.

As análises, publicadas no formato de artigo na revista científica Journal of Autism and Developmental Disorders (“Periódico sobre Autismo e Transtornos do Desenvolvimento”, em tradução livre), revelaram alterações importantes, que se somam às descobertas recentes na busca de melhor compreender o cérebro da pessoa autista.

“Já há na literatura uma ideia se formando sobre o autismo, que fala sobre um maior crescimento cerebral durante a infância, que seria acompanhado de uma presença maior também de neurônios nesses indivíduos”, explica Lívia Nascimento.

Essa presença maior de neurônios, segundo a neuroengenheira, poderia implicar em uma maior dificuldade do cérebro de organizar essas células em determinadas áreas e funções. “Em nosso estudo, conseguimos confirmar muito do que já vinha sendo apresentado na literatura, mas também descobrimos algo novo, que diz respeito ao posicionamento desses neurônios na área analisada”, completa.

A área investigada pelos pesquisadores, o córtex pré-frontal dorsolateral, apresenta uma organização de células particular, no formato de camadas, para as quais os neurônios migram durante o desenvolvimento. “Quando os neurônios iam migrar para essas camadas, eles possivelmente migraram de forma desorganizada, resultando em regiões com mais neurônios e outras com menos”, afirma.

Deu na Tribuna do Norte

Cidade

Câmara de Natal instala Frente Parlamentar em defesa das pessoas com TEA

Foto: Francisco de Assis

A Câmara Municipal de Natal realizou, nesta quinta-feira (05), a primeira reunião da Frente Parlamentar em Defesa dos Diretos das Pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A Frente foi criada através de uma proposição do vereador Herberth Sena (PL).

“Ficamos felizes de implantar hoje, pela primeira vez, essa Frente Parlamentar, fruto do nosso mandato e esperamos contar com a participação de todos os vereadores. Nesta primeira reunião tivemos diversas pessoas, entidades, representantes dos movimentos e poderemos a partir de agora aprimorar o debate e tratar muitos assuntos a respeito dos autistas do nosso município”, declarou o vereador.

Para o debate foram convidados Pedro Venâncio, Secretário Municipal de Igualdade Racial e Direitos Humanos (Semidh); Suely Alencar, representante do Centro de Reabilitação Infantil (CRI); Lorena Costa, representante do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS); Priscila Oliveira, mãe de uma criança com TEA e membro do Movimento Independente Pró Autismo; e Bruno Oliveira, pai de uma criança com TEA e representante da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio Grande do Norte (OAB/RN).

“Gostaria de parabenizar o vereador Herberth, que é um grande exemplo de luta quando se trata dos direitos das pessoas com autismo”, disse Bruno Henrique, que também acrescentou: “Quero dizer que o direito à saúde é um direito constitucional inerente a todos. E as pessoas com TEA, além disso, ainda tem o direito a um tratamento precoce, que se tem acesso independente de um diagnóstico fechado. Isso e muitas outras lutas são diárias, que seguiremos enfrentando e não vamos desistir” concluiu.

A estudante Sandra Sabrina, que possui o Transtorno do Espectro Autista, falou durante a reunião sobre os estereótipos que cercam o TEA e a importância da inclusão de pessoas diagnosticadas na sociedade. “Muitos autistas têm dificuldade na fala, então as pessoas entendem que todos os autistas não podem se comunicar, mas muitos de nós podemos sim e os que não podem também conseguem usando outras alternativas de comunicação. As pessoas com TEA podem estar em todos os lugares. Eu sou aluna da UFRN. Estamos dentro das universidades, trabalhamos, estamos em todos os lugares e sempre estivemos. O que temos agora é mais visibilidade”, afirmou.