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STF deve decidir sobre ‘fake news’ antes mesmo do Congresso Nacional

RETROSPECTIVA_2023 - Cristiano Zanin toma posse no STF. - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

 

O Supremo Tribunal Federal (STF) pode retomar o debate sobre fake news em 2024, colocando o tema em destaque antes mesmo da votação no Congresso Nacional do Projeto de Lei 2630/2020, que visa regulamentar a internet. Ministros da Suprema Corte avaliam que uma decisão judicial prévia pode contribuir para facilitar as discussões entre deputados e senadores.

Em entrevista à CNN Brasil, ministros do STF expressaram a importância do Judiciário na condução desse tema, alegando que a decisão sobre a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet está pendente. Esse artigo determina que a exclusão de conteúdo, para responsabilização civil de provedores de internet, websites e gestores de aplicativos de redes sociais, requer uma ordem judicial específica e prévia.

O Recurso Extraordinário, apresentado pelo Facebook em 2017 e relatado pelo ministro Dias Toffoli, destaca a necessidade de as plataformas não serem responsabilizadas pelo conteúdo dos usuários, permitindo a remoção apenas mediante ordem judicial.

Os recentes casos envolvendo a invasão do perfil no X da mulher de Lula, Janja da Silva, e o suicídio de Jéssica Canedo, vítima de calúnia e difamação pela página ‘Choquei’, perfil de extrema esquerda que apoiou Lula nas eleições de 2022, servem como fundamentos para as autoridades brasileiras deliberarem sobre a regulamentação das redes sociais.

Deu no Conexão Política

Polícia

Perfil da Choquei confessa publicação de fake news que desencadeou morte de jovem

 

O perfil de entretenimento e ativismo político Choquei confessou nesta quinta-feira (28) que compartilhou a notícia falsa que teria levado Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos, a cometer suicídio. O perfil, que tem mais de 27 milhões de seguidores nas redes sociais, admitiu ter replicado um conteúdo falso sobre supostas conversas que indicavam envolvimento entre a jovem e o humorista Whindersson Nunes. Em nova nota divulgada nesta quinta, a Choquei afirmou que o responsável pela página, Raphael Sousa, prestou depoimento à Polícia Civil sobre o caso.

“Foram fornecidas provas sobre o gerador da notícia falsa – que foi publicada originalmente por um outro perfil e republicada posteriormente pela Choquei – e foram disponibilizadas imagens de diálogos que mostram os procedimentos adotados assim que a falsidade foi descoberta, como a retirada imediata do conteúdo falso republicado”, diz o comunicado.

Apesar do que foi alegado na nota, poucos minutos após a postagem na rede social X, a “nota oficial” foi marcada por usuários como fake news, por afirmar que o conteúdo sobre Jéssica foi retirado do ar assim que a “falsidade foi descoberta”. “É mentira que a página Choquei tenha retirado imediatamente o post ao saber que era mentira. A página manteve o post no ar por dias, mesmo com uma Nota da Comunidade alertando sobre a fake news”, diz a checagem.

No sábado (23), o perfil havia divulgado uma primeira nota sobre o caso em seu perfil do Instagram, assinada pela advogada Adélia Prado. Na ocasião, a página afirmou que não houve “qualquer irregularidade na divulgação das informações prestadas”. Entretanto, no mesmo dia, a advogada deixou o caso e disse que não representaria a Choquei judicialmente.

“O perfil Choquei, por meio de sua assessoria jurídica, vem esclarecer aos seus seguidores e amigos que não ocorreu qualquer irregularidade na divulgação das informações prestadas por esse perfil. Cumpre esclarecer que não há responsabilidade a ser imputada pelos atos praticados, haja vista a atuação mediante boa-fé e cumprimento regular das atividades propostas”, dizia a primeira manifestação que foi apagada posteriormente.

No novo comunicado, o perfil se reposicionou e disse estar passando “por um profundo processo de reavaliação interna dos métodos adotados visando a implementação de filtros e códigos de conduta para evitar que episódios dessa natureza voltem a acontecer”. Na nota, a empresa chega a dizer que está disponível para “colaborar para o aprimoramento do setor de notícias online”.

Jovem denunciou ataques e foi ironizada por dono da Choquei

Depois de ter o nome vinculado ao comediante, Jéssica usou suas redes sociais para denunciar os ataques que vinha sofrendo. “Vocês estão falando da minha aparência, da minha classe social, xingando minha família, ameaçando, me chamando de interesseira, me comparando com as ex’s dele… Vocês não sabem como está o psicológico de quem está recebendo os xingamentos e as ameaças”, disse a jovem no Instagram.

O responsável pela Choquei, Raphael Sousa, chegou a comentar na publicação feita por Jéssica e fez piada sobre o desabafo postado pela jovem. “Avisa para ela que a redação do Enem já passou. Pelo amor de Deus!”, disse Sousa. As postagens sobre o caso foram apagadas. A mãe de Jéssica chegou a fazer um apelo para que os ataques à filha cessassem e afirmou que a jovem sofria de depressão.

No último dia 24, Whindersson Nunes lamentou a morte da jovem e propôs a criação da Lei Jéssica Vitória para regulamentar perfis nas redes sociais. “Que essa lei traga uma sanção civil ou criminal para essa pessoa que poste uma conversa, mesmo que pública, sem ir atrás da veracidade dos fatos. Quem vai ser responsabilizado é quem está no topo da pirâmide e ganha dinheiro com isso”, destacou o humorista.

Dono da Choquei já disseminou fake news para favorecer governo Lula

Raphael Sousa é próximo à primeira-dama Rosângela Silva, a Janja. Após o resultado das eleições no ano passado, ele recebeu convite dela para subir no carro de som oficial da equipe de Lula e acompanhar o discurso da vitória do petista. Janja, que desde o período eleitoral costuma manter um trabalho de aproximação com influenciadores de esquerda para viabilizar apoio ao governo, chegou a enviar conteúdos exclusivos para a Choquei durante a disputa eleitoral.

Com a divulgação nas redes sociais, de notícias com um claro viés editorial pró-Lula, Raphael Sousa contribuiu muito para a campanha petista. No período eleitoral, a conta sempre esteve entre aquelas com maior repercussão em temas eleitorais.

Em entrevista ao Flow Podcast no ano passado, o dono da página reconheceu que sua atuação ajudou a eleger o atual presidente e afirmou que todos os colaboradores da Choquei eram pró-Lula, mas que o trabalho de apoio ao petista tinha a ver com o fato de o influenciador ser contrário a Bolsonaro.

Apesar disso, o proprietário do perfil se aproximou mais do presidente após o início do novo mandato e mantém na internet a cruzada de defesa do governo a qualquer custo, o que inclui a disseminação de fake news pró-Lula, como mostrado pela Gazeta do Povo.

Veja a nova nota do perfil na íntegra:

“O perfil Choquei lamenta profundamente o ocorrido com Jéssica Vitória Canedo e se solidariza com sua família. Informamos aos seguidores que, em sinal de respeito pelo trágico acontecimento, as redes da Choquei estavam paralisadas até o momento. Nesta quinta-feira, dia 28 de dezembro, o proprietário do perfil prestou esclarecimentos à Polícia Civil de Minas Gerais e apresentou fatos e documentos que contribuem para elucidar o episódio e dar a real dimensão do papel da Choquei no caso.

Foram fornecidas provas sobre o gerador da notícia falsa – que foi publicada originalmente por um outro perfil e republicada posteriormente pela Choquei – e foram disponibilizadas imagens de diálogos que mostram os procedimentos adotados assim que a falsidade foi descoberta, como a retirada imediata do conteúdo falso republicado

Neste momento, a Choquei passa por um profundo processo de reavaliação interna dos métodos adotados visando a implementação de filtros e códigos de conduta para evitar que episódios dessa natureza voltem a acontecer. A Choquei está à disposição para contribuir com os órgãos de investigação, assim como colaborar para aprimorar o setor de notícias online. Reiteramos nossa solidariedade e total apoio à família de Jéssica Vitória Canedo”.

Deu na Gazeta do Povo

 

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Morre jovem de 22 anos alvo de fake news da página ‘Choquei’

Divulgação

 

Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos, faleceu nesta sexta-feira (22) em Araguari, cidade situada no Triângulo Mineiro, a cerca de 567 quilômetros de Belo Horizonte.

A jovem foi alvo de divulgação de supostas conversas com Whindersson Nunes que foram divulgadas na internet. Esses diálogos, mais tarde confirmados como falsos, foram propagados por páginas como a Choquei, conhecida por disseminar notícias falsas, promover ondas de cancelamento online e apoiar Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A causa do óbito não foi revelada oficialmente, mas sabe-se que Jéssica enfrentava uma profunda depressão e ficou extremamente abalada com a divulgação de uma notícia falsa envolvendo seu nome. A jovem não era uma figura pública e não aspirava ganhar notoriedade, já que também sofria de fobia social.

O velório de Jéssica terá início às 9h deste sábado (23) no Serviço Social de Luto Frederico Ozanam. Três dias antes de seu falecimento, Inês Oliveira, mãe da jovem, divulgou um vídeo no qual chorava e afirmava que a filha sofria de depressão e havia sido vítima de uma mentira de grande repercussão.

Após a confirmação da morte da jovem, a página Choquei apagou suas publicações sobre o caso, e Raphael Sousa Oliveira, administrador responsável pelo perfil, fechou suas redes sociais, tentando evitar questionamentos surgidos devido à sua conduta ao divulgar notícias falsas. Raphael, alguns dias atrás, provocou a vítima, que havia pedido paz em uma mensagem no Instagram, ironizando seu pedido, sugerindo que a jovem deveria escrever uma redação para um vestibular.

Procure ajuda

Se você ou alguém que você conhece estiver enfrentando dificuldades emocionais, não hesite em buscar ajuda. Profissionais de saúde mental, organizações especializadas e linhas telefônicas de apoio estão disponíveis para oferecer suporte e orientação. Lembre-se, a força está em compartilhar as angústias e buscar auxílio.

O Centro de Valorização da Vida (CVV), por exemplo, oferece atendimento 24 horas por dia, de forma gratuita, através do número 188. O diálogo e o suporte são passos cruciais na jornada para a recuperação emocional.

Deu no Conexão Política

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Eleições 2024: TSE fecha acordo com Anatel para derrubada imediata de sites com “fake news”

 

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, assinou na última terça-feira, 5, um acordo de cooperação técnica com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para acelerar o processo de remoção de sites identificados como propagadores de “fake news”.

Antes, o processo dependia de que um oficial de Justiça comunicasse a decisão judicial de bloqueio da página. Com o novo acordo, o TSE passará a comunicar a decisão diretamente à Anatel de forma virtual, e a agência deve prosseguir imediatamente com a derrubada do site que seja julgado prejudicial ao processo eleitoral.

Durante a assinatura do acordo, Moraes ainda destacou que o TSE dará atenção especial ao uso de inteligência artificial por parte de “milícia digitais”, que, segundo ele, disseminam informações falsas para interferir nas eleições.

Fonte: Estadão Conteúdo

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Alexandre de Moraes manda PF apurar fake news contra ele próprio

 

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou que a Polícia Federal apure, nos próximos 30 dias, uma suposta fake news divulgada contra o próprio magistrado. No mesmo período, os investigadores também deverão diligenciar no caso de supostas ameaças do general da reserva José Placídio Matias dos Santos ao ministro da Justiça Flávio Dino.

As ordens constam de despachos assinado na segunda-feira, 6. O caso da peça divulgada sobre Moraes e os militares foi remetida ao Supremo pelo juízo da 9ª Vara Federal de Campinas. Já a petição sobre suposto crime contra Dino aportou na Corte máxima após o Superior Tribunal Federal decidir que a investigação deveria ficar sobre a alçada do STF.

A investigação sobre a suposta fake news contra Moraes foi aberta após o general Décio Schons relatar ter recebido questionamentos sobre um vídeo publicado no YouTube. Tal gravação dizia que Décio teria denunciado o comandante do Exército e o ministro Alexandre de Moraes por crimes que teriam cometido.

As publicações em questão tratavam sobre um conluio de Paiva com ministros do STF.

Já no centro da investigação que mira José Placídio estão publicações feitas pelo general no 8 de janeiro, defendendo que militares com comando de tropa se rebelassem e “entrassem no jogo, desta vez do lado certo”.

No mesmo dia, o coronel da reserva fez outra postagem sobre o ministro da Justiça, Flávio Dino: “Sua purpurina vai acabar”.

José Placídio foi alvo de investigação militar, que concluiu pela existência de autoria e materialidade do crime de ‘incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de creme militar’. Os autos, no entanto, foram enviados à Justiça Federal para analise de crime contra a honra do ministro Flávio Dino.

Posteriormente, à Justiça Militar reconheceu sua incompetência para atuar no caso, mandando os autos ao STF. Eles foram distribuídos ao gabinete de Moraes em razão da conexão com o inquérito sobre os atos de 8 de janeiro.

Deu no Estadão

Judiciário

Fake news: STF pode acionar ‘omissão legislativa’ para impor lei

 

Se a Câmara não votar um projeto das fake news que agrade o Supremo Tribunal Federal (STF), seus ministros “voltarão a legislar”, dizem fontes com acesso à Corte, impondo ao País o que entenderem para enquadrar as redes sociais. Há precedentes. Alegando “omissão legislativa”, o STF instituiu em junho de 2019 uma “lei” lacradora, enquadrando homofobia e transfobia como “crimes de racismo”. O Congresso não reagiu e a “omissão legislativa” virou ferramenta para o exercício do poder do STF.

 

Demorou, dançou

A criminalização de homofobia e transfobia era uma antiga pretensão de ativistas, mas o Congresso demorou a votar e o STF “legislou”.

Casos semelhantes

A dificuldade para negociar um texto consensual para criminalizar a homofobia é semelhante agora no caso do projeto das fake news.

Ministros do STF chegaram a apresentar “sugestões” para o projeto das fake news, interpretadas na oposição como “interferência no Legislativo”.

Em 2009, o STF também acionou a tal “omissão legislativa” para criar aposentadoria especial para servidor portador de deficiência.

Informações do Cláudio Humberto

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Agências de checagem veem politização em ação de Lula contra ‘fake news’

Lula alegou pneumonia e  adiou viagem à China | Foto: José Cruz/Agência Brasil

 

As agências de checagem de fatos acusam o governo Lula de “apropriação indevida” e “politização do combate à desinformação” em ação contra fake news, como o site BrasilContraFake, supostamente de checagem de fatos, lançado pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência, no sábado 25. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Lula caracterizou a iniciativa como uma “plataforma de checagem de informações e combate à desinformação”, em um tuíte, no domingo 26.

“O Brasil sofreu muito com mentiras nas redes sociais nos últimos anos. Precisamos fortalecer uma rede de verdade. O @govbr lançou nesta semana uma plataforma de checagem de informações e combate à desinformação.”

Para as agências, não existe checagem de fatos feita pelo governo, porque o processo necessariamente precisa ser independente e apartidário.

Além disso, segundo os checadores, o site não segue os princípios básicos de checagem, como indicar de onde foram retiradas as informações usadas nas checagens e qual é a metodologia usada para determinar a veracidade, além de ter transparência no processo de escolha do conteúdo que será verificado.

Segundo a reportagem, a Agência Lupa diz que alguns conteúdos verificados são, na realidade, notas de esclarecimento do governo.

De acordo com a Lupa, em uma publicação sobre o aumento do desmatamento em fevereiro, o governo confirma que os dados são verdadeiros (sem apresentar nenhum link para as bases de dados relevantes sobre o tema), mas informa que “políticas públicas ambientais são marcadas pela efetividade a médio e longo prazo, e não imediata”.

“Isso não é checagem de fatos, é assessoria de comunicação do governo”, diz Daniel Bramatti, editor do Estadão Verifica, à Folha. “O governo tem o direito de esclarecer informações erradas sobre políticas públicas, mas isso não é checagem, não queremos uma Fakebras, uma visão estatal sobre o que é fato e o que não é.”

“É contraditório para um governo que tem tratado o combate à desinformação como prioridade fazer essa politização do combate à desinformação”, diz Natália Leal, diretora-executiva da Lupa.

Paulo Pimenta, ministro da Secom, disse à reportagem que a intenção da plataforma nunca foi ser uma agência de checagem de fatos nem concorrer com os checadores. “Estamos apenas reunindo esclarecimentos de informações falsas sobre diversos ministérios e medidas do governo. Não fazemos checagem, até porque somos governo, não somos isentos.”

Deu na Revista Oeste

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Rogério Marinho pede ao STF para que Lula seja incluído em inquérito das fake news

 

O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), encaminhou nesta sexta-feira (24) pedido ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja incluído no Inquérito 4781, que apura a produção de desinformação contra o Judiciário. O motivo da notícia-crime é a fala do presidente de que a operação para desarticular um plano da facção criminosa PCC para matar autoridades era uma “armação” do senador Sergio Moro.

Na quarta-feira, a Polícia Federal cumpriu uma série de diligências com o objetivo de desarticular um grupo criminoso que “pretendia realizar ataques contra servidores públicos e autoridades, incluindo homicídios e extorsão mediante sequestro em pelo menos cinco unidades da federação”.

No dia seguinte, Lula duvidou dos fatos descobertos e atribuiu o trabalho da Justiça e da Polícia Federal a uma “armação” do senador Sérgio Moro.

“Questionar o trabalho desenvolvido pela Polícia Federal, pelo Ministério da Justiça e pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, sem qualquer embasamento, é atentar contra as instituições republicanas. O direito à liberdade de expressão do Presidente da República não é absoluto”, afirma o pedido encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes.

“Tais episódios, relatados e provados, demonstram reprovável conduta adotada pelo Exmo. Senhor Presidente da República, de se utilizar das prerrogativas do cargo para divulgar informações falsas e, assim, desacreditar sérias investigações conduzidas pela Polícia Federal e acompanhadas pelo Poder Judiciário Federal, além de atentar contra o exercício do mandato parlamentar de um Senador da República”, acrescenta.

AGU
O senador Rogério Marinho também encaminhou representação à Advocacia Geral da União (AGU), responsável pela Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia, instância destinada ao enfrentamento à desinformação sobre políticas públicas.

Na peça, apresentou novas manifestações de Lula contra Sérgio Moro proferidas nesta semana.

Deu no Portal da 98

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O teatro desmontado: Entenda como a milícia digital do PT arquitetou os esquemas de fake news durante a campanha presidenciável

O teatro desmontado: Entenda como a milícia digital do PT arquitetou os esquemas de fake news durante a campanha presidenciável

 

Na semana que antecedeu o segundo turno das eleições, a coordenação de campanha do PT entrou em estado de alerta máximo. Pesquisas internas mostravam, pela primeira vez em seis meses, que Jair Bolsonaro aparecia à frente na disputa.

No Palácio do Planalto, os levantamentos apontavam para uma dianteira ainda mais expressiva. Faltando dez dias para o pleito, euforia e preocupação trocaram de lado.

Lula, como se sabe, venceu por uma diferença de pouco mais de 2 milhões de votos. Quase um mês depois da derrota, assessores do ex-capitão ainda buscam respostas para tentar explicar o que teria ocorrido na reta final.

Há muitas opiniões à respeito e um ponto em comum entre elas: a guerrilha travada nas redes sociais foi fundamental para inverter a tendência ascendente de Bolsonaro e decisiva para garantir o resultado a favor do petista.

Lula e sua corja se utilizou de um “vale-tudo digital” na campanha, marcada por baixarias, uso de táticas rasteiras de desinformação e disseminação de fake news.

Um dos assessores mais influentes do governo Bolsonaro contou a VEJA que a exploração de três episódios nos últimos dias da campanha foram letais para as pretensões de Jair Bolsonaro: a fala do ministro Paulo Guedes sobre um suposto congelamento do salário mínimo, a resistência à prisão do ex-deputado Roberto Jefferson e a auto-defesa da deputada Carla Zambelli à agressão de militante petista.

Nas redes sociais, esses fatos foram propagados associando o presidente da República ao descaso com os pobres, à política de armamento da população e à violência desenfreada — tarefa realizada com maestria, embora sem qualquer pudor, pela equipe do deputado André Janones (Avante), que coordenou a área digital da campanha do PT.

A milícia digital petista atuou desde o início com método e organização. Muitas das fake news que varreram as redes sociais com ataques ao candidato do PL foram produzidas por uma equipe de jovens militantes sob a coordenação de Janones. A matéria-­prima, além dos acontecimentos políticos do dia a dia, era colhida em fóruns na chamada dark web, ambiente da internet onde é possível comprar e vender informações sigilosas e discutir assuntos, inclusive ilegais, sem deixar rastros.

O passo seguinte da estratégia era mais simples: as postagens eram encaminhadas a grupos de transmissão do qual faziam parte jornalistas alinhados ao PT, políticos famosos e influenciadores digitais, como Felipe Neto e Nath Finanças. Calcula-se que cada peça produzida atingia mais de 60 milhões de seguidores.

Diante da repercussão, algumas publicações obrigaram o presidente a se explicar em público, como a fake news que o associava à pedofilia, outra que sugeria que ele já havia comido carne humana e uma terceira insinuando ligações com o satanismo.

Uma das produções de maior sucesso da milícia lulista foi a divulgação do depoimento em vídeo de uma eleitora que descobriu que seu ídolo, Jair Bolsonaro, havia sucumbido a tentações anticristãs e se aliado à maçonaria. “Não consigo descrever para vocês a minha tristeza. Eu sempre fui fiel a Deus e ao nosso capitão. E hoje eu acordei com uma das piores notícias da minha vida. Jair Messias Bolsonaro, o nosso capitão, é da maçonaria”, diz ela.

Divulgada a três semanas da eleição, a peça foi visualizada mais de 350 000 vezes no TikTok. Em plano fechado e com pausas dramáticas antes do que viria a ser uma importante revelação aos eleitores do presidente, a bolsonarista arrependida, com uma voz chorosa, afirma que, por causa das relações do mandatário com atividades pretensamente pecaminosas, mudaria seu voto para Lula no segundo turno.

Entremeada por imagens de bruxas em fogueiras e por um antigo discurso de Bolsonaro diante de símbolos que conservadores atribuem ao ocultismo, a mulher afirma que “Lula é um verdadeiro cristão”, merecedor, portanto, dos votos dos brasileiros tementes a Deus. Era tudo encenação. A falsa eleitora de Jair Bolsonaro é, na verdade, a streamer Marina Mamede, de 32 anos, uma das parceiras de Janones na empreitada eleitoral. Ela criou um perfil falso nas redes para se apresentar como apoiadora do ex-capitão.

Moradora de Ouro Preto (MG), Mamede atuou na campanha presidencial produzindo conteúdos de ataques à imagem de Jair Bolsonaro. Foi dela, por exemplo, a missão de disseminar imagens da deputada Carla Zambelli, uma das mais ferrenhas apoiadoras do presidente, casando em uma loja maçônica em Brasília. As gravações vieram a público na mesma época em que o grupo também fez viralizar registros de reuniões de Bolsonaro com maçons. Associados a vídeos e memes da parlamentar perseguindo um apoiador de Lula, os posts viraram uma arma poderosa para o contra-ataque petista na guerrilha digital.

“Antes a esquerda passava muito tempo tentando desmentir as fake news difundidas pela extrema direita. Abrimos vantagem quando invertemos esse papel e compreendemos finalmente que as mensagens são acompanhadas apenas por um clique e geralmente não têm sua veracidade questionada porque foram recebidas de pessoas próximas”, disse Mamede a VEJA. A fórmula que serviu para a campanha, porém, pode se transformar num tremendo problema para o governo petista.

Com a vitória de Lula, Janones traça planos mais ambiciosos para o futuro próximo. Indicado para compor a equipe de transição do governo eleito e carregando o bônus de ter contribuído de maneira decisiva para o sucesso da campanha, o deputado ganhou o status de candidato natural a ocupar um cargo no primeiro escalão, e já deu a primeira demonstração de suas habilidades.

Na sexta-feira 18, ele acusou a Secretaria de Comunicação (Secom) do Palácio do Planalto, sem apresentar prova, de ter gastado 13 milhões de reais com um instituto de pesquisas. “Existe uma quadrilha na Secom que irriga todos os ministérios com muito dinheiro para manter um projeto de poder. Irão para a cadeia com Bolsonaro”, escreveu o parlamentar em uma rede social.

A insinuação é óbvia. O instituto citado é o Paraná Pesquisas, que trabalhou para o PL, o partido do presidente da República, na campanha eleitoral. O contrato é de 1,6 milhão de reais — e não de 13 milhões —, foi assinado depois de uma licitação e, de acordo com a Secom, ainda não houve qualquer pagamento.

A VEJA, Janones disse que recebeu os dados da própria Secretaria de Comunicação com o compromisso de não divulgá-los. Em nota, o órgão acusou Janones de difundir “informações inverídicas, distorcidas e desrespeitosas” e anunciou que não se reuniria mais com a equipe do deputado, a quem acusou de leviano. Não é um bom começo para um aspirante a ministro.

Informações da VEJA.