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Equador descriminaliza a eutanásia após decisão judicial

Marcelo Leal | Unsplash

 

O Tribunal Superior do Equador aprovou nesta última quarta-feira (7) a legalização da eutanásia. A decisão foi tomada em resposta a uma petição feita por Paola Roldán, de 42 anos, que sofre de esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma condição degenerativa que causa a perda gradual dos movimentos.

Desde jovem, Paola lida com essa enfermidade e atualmente está restrita ao controle dos músculos faciais, dependendo de suporte respiratório. Em face de sua condição terminal, ela solicitou a inconstitucionalidade do artigo 144 do Código Penal, o qual trata a eutanásia como um ato criminoso, punível com até 13 anos de prisão para os profissionais de saúde envolvidos.

“A Corte considera que o tema apresentado se relaciona aos direitos à vida digna e ao livre desenvolvimento da personalidade (autonomia). Portanto, após a realização de um exame, conclui-se que a vida admite exceções à sua inviolabilidade quando busca proteger outros direitos”, afirma o parecer, aprovado por sete dos nove juízes do tribunal.

Com essa decisão, foi estabelecido um prazo de seis meses para que os legisladores apresentem um projeto de lei regulamentando a prática da eutanásia no país. Até que uma legislação específica seja aprovada, o procedimento será permitido apenas para pacientes em “sofrimento intenso decorrente de lesão corporal grave e irreversível ou de doença grave e incurável”.

A eutanásia, também conhecida como suicídio assistido medicamente, refere-se à administração de uma substância letal a pacientes terminais, por sua própria vontade e prescrita por um médico. Esse procedimento é legal em países como Bélgica, Canadá, Nova Zelândia e Espanha. Na América Latina, atualmente, a eutanásia é permitida apenas na Colômbia e em Cuba.

Deu no Conexão Política

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Promotor que investigava invasão a TV no Equador é assassinado

09/01/2024Cortesia da TC/Divulgação via REUTERS

 

O promotor César Suárez, que conduzia a investigação sobre a rede de televisão que foi invadida no Equador no dia 9 de janeiro, foi assassinado. Ele também investigava o narcotráfico e corrupção em hospitais, segundo apuração da CNN. Suárez foi morto a tiros, de acordo com a agência Reuters, citando o governo equatoriano.

Pelas redes sociais, a procuradora-geral do Equador, Diana Salazar, enviou condolências à família e disse que o combate ao crime organizado vai continuar.

“É impossível não ficar arrasado com a morte de um colega na luta contra o crime organizado. Seguiremos firmes em seu nome: por ele, pelo país, pela justiça.
Obrigado pelo seu trabalho, César. Descanse em paz. Minha solidariedade à sua família e amigos”, destacou.

“Vou ser enfática: os grupos de crime organizado, os criminosos, os terroristas não vão impedir o nosso compromisso com a nossa sociedade equatoriana”, advertiu Salazar.

Invasão da TV no Equador

No dia 9 de janeiro, criminosos encapuzados e armados invadiram o estúdio da rede de televisão TC em Guayaquil, fazendo os funcionários de reféns.

As imagens dos funcionários no chão do estúdio onde o noticiário era apresentado foram transmitidas ao vivo e repercutiram em todo o mundo.

CNN conversou com jornalistas do canal, que relataram os momentos de medo, tensão e horror enquanto tinham armas apontadas para eles. Um deles chegou a ter um explosivo colocado no bolso.

A polícia conseguiu prender os 13 criminosos, que foram processados pelo crime de terrorismo. A Procuradoria-Geral equatoriana havia informado que 2 dos 11 envolvidos são adolescentes.

Crise no Equador

A onda de violência no Equador se intensificou após o líder do grupo criminoso Los Choneros fugir de uma prisão em Guayaquil, no dia 7 de janeiro. Um dia depois, o presidente Daniel Noboa decretou estado de emergência no país.

Na tarde do dia 9 de janeiro, um grupo de homens encapuzados e armados invadiu as instalações do canal TC Televisión, de Guayaquil.

O crime foi capturado pela transmissão ao vivo, que mostrou funcionários sendo obrigados a se deitarem no chão. Foi possível ouvir tiros e gritos. Em operação para libertar os funcionários, a polícia prendeu 13 pessoas e apreendeu armas e explosivos.

Ainda na noite de terça, o presidente Daniel Noboa decretou a existência de um “conflito armado interno” no país e instituiu que sejam feitas operações pelas forças de segurança para neutralizar os criminosos.

No texto do decreto, o governo também qualifica como “terroristas e atores não estatais beligerantes” 22 grupos do crime organizado.

Além disso, diversos ataques e explosões foram registrados, e centenas de pessoas foram detidas.

Deu na CNN Brasil

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Itamaraty confirma sequestro de brasileiro no Equador

 

A embaixada do Brasil em Quito confirmou nesta quarta-feira (10) que um brasileiro foi sequestrado no Equador. Na terça-feira o Ministério das Relações Exteriores tinha dito que acompanhava a denúncia do sequestro.

Thiago Allan Freitas, de 38 anos, foi sequestrado na cidade de Guayaquil.

Freitas é de São Paulo e mora no Equador há cerca de três anos, onde tem uma empresa que faz churrasco brasileiro.

Os diplomatas brasileiros afirmaram que estão acompanhando as diligências das autoridades equatorianas para que o homem sequestrado seja libertado.

O Itamaraty também diz que está prestando apoio aos familiares de Freitas. Segundo a família, há cerca de um ano os três filhos de Freitas também se mudaram para o Equador. Há vídeos em que as crianças mais velhas aparecem ajudando o pai.

Gustavo, um dos filhos de Thiago, afirmou na terça-feira (9) que a família pagou parte do resgate, mas não tem todo o dinheiro que os sequetradores pedem.

Em um vídeo publicado em redes sociais ele disse o seguinte: “Meu pai foi sequestrado nesta manhã. Já enviamos todo o dinheiro que tínhamos. Não temos mais. Por isso, recorro a vocês, [para] que me ajudem com o que têm, com qualquer valor, é muito bem-vindo. Se é US$ 1, US$ 2. Precisamos de verdade. Estamos desesperados. Não temos como fazer. Já pagamos US$ 1,1 mil (R$ 5,9 mil), mas estão pedindo US$ 3 mil (R$ 14,7 mil). Peço que nos ajudem. Muito obrigado”.

Crise de segurança no Equador

Por causa de uma crise de segurança o presidente do país, Daniel Noboa, tomou duas medidas severas de segurança:

  • Decretou estado de exceção.
  • Colocou o país em um regime de conflito armado interno.

Os problemas recentes começaram com motins em prisões. Houve fuga de criminosos de grandes facções do país, ataques a delegacias e sequestro de policiais. Em reação, Noboa decretou o estado de exceção.

Na terça-feira, homens armados invadiram um estúdio de TV e transmitiram a ação ao vivo. Foi depois disso que o presidente Noboa baixou o decreto determinando que o país vive um conflito armado interno.

Também na terça-feira, cidades do país registraram invasões, explosões e sequestros. A imprensa equatoriana afirma que 11 pessoas morreram na cidade de Guayaquil e 2 na cidade de Nobol.

Mais de 130 agentes penitenciários e outros funcionários eram mantidos como reféns por detentos, nesta quarta-feira, em pelo menos cinco prisões do Equador, país que está sofrendo com uma escalada de violência nos últimos dias.

Fuga de prisão

A crise começou na segunda-feira (8), após a fuga da prisão do criminoso José Adolfo Macías, mais conhecido como “Fito”. Ele é chefe da “Los Choneros”, uma das facções criminosas mais temidas do país.

O governo disse que a violência é uma reação ao plano de Noboa de construir uma nova prisão de alta segurança para os líderes de gangues.

Após, a fuga de Fito, o presidente Noboa decretou estado de exceção. Essa foi a primeira medida de endurecimento do regime. Um toque de recolher passou a vigorar e foram impostas restrições a direitos de reunião, de privacidade de domicílio e de residência.

Além disso, as Forças Armadas também foram autorizadas a ir para as ruas apoiar o trabalho da polícia.

Fonte: g1

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Mais de 130 agentes prisionais são mantidos reféns no Equador

Fabian Benitez | Flickr

 

O Equador enfrenta pelo terceiro dia consecutivo, nesta quarta-feira (10), uma situação de caos causada por gangues criminosas e traficantes de drogas, resultando em pelo menos 10 mortes desde segunda (8). Detentos mantêm mais de 130 agentes penitenciários e outros funcionários do sistema prisional como reféns em pelo menos cinco prisões em todo o país. Dentre eles, 125 são guardas e 14 são funcionários administrativos, conforme informações da agência prisional SNAI.

Para conter a violência, centenas de militares estão mobilizados, protegendo as ruas desertas ao redor da sede presidencial no centro de Quito. Em outras regiões, como no norte, o parque La Carolina, o maior da cidade com quase três milhões de habitantes, encontrava-se vazio, sem seus habituais frequentadores. As avenidas da capital e de Guayaquil, no sudoeste, apresentavam pouco tráfego, com armazéns e lojas de bairro permanecendo fechados.

A ofensiva dessas organizações criminosas, associadas a cartéis do México e da Colômbia, incluiu um episódio invulgar e impactante transmitido ao vivo na terça-feira (9). Homens armados, munidos de fuzis e granadas, assumiram o controle de um canal público de televisão durante o noticiário do meio-dia, ameaçaram jornalistas e dispararam contra dois funcionários.

O ataque à sede do canal TC Televisión em Guayaquil aumentou o pânico entre a população, levando muitos a buscar abrigo imediato em suas residências. Em resposta a essa escalada de violência, o presidente Daniel Noboa, que assumiu o cargo em novembro, decretou “Estado de conflito armado interno” e convocou as Forças Armadas.

Com informações da EFE

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Ataques em meio a crise no Equador deixam ao menos dez mortos

Policiais em operação na sede do canal de televisão TC, onde homens armados e encapuzados entraram e ameaçaram funcionários durante uma transmissão ao vivo, em Guayaquil, no Equador

 

Pelo menos 10 pessoas morreram até agora na onda de violência sem precedentes desencadeada por organizações criminosas no Equador, segundo informou nesta quarta-feira (10) a imprensa local.

As duas últimas mortes relatadas nos ataques registrados nesta terça-feira (9) são dois policiais “vilmente assassinados por criminosos armados” em Nobol, afirmou a Polícia Nacional do país.

Anteriormente, outras oito pessoas foram mortas nos ataques do crime organizado ocorridos no mesmo dia em Guayaquil, a cidade mais populosa do país, capital da província de Guayas. “Este é o sacrifício que juramos à pátria e não descansaremos até encontrarmos os responsáveis ​​por este ato criminoso”, disseram as autoridades policiais por meio das redes sociais.

O presidente do Equador, Daniel Noboa, emitiu um decreto declarando a existência de um conflito armado interno em nível nacional e ordenando que as forças militares atuem para desmantelar 22 grupos do crime organizado transnacional classificados como organizações e atores terroristas não estatais beligerantes.

Em uma mensagem publicada hoje em sua conta no X, a Polícia Nacional do Equador relatou os resultados preliminares de suas ações contra os autores dos ataques e atos terroristas.

Segundo os responsáveis pelas investigações, 70 pessoas foram presas, três dos seus agentes feitos reféns foram libertados e 17 fugitivos recapturados, além de terem sido apreendidas armas, munições, explosivos e veículos.

Nas últimas horas, a Assembleia Nacional do Equador manifestou seu apoio às Forças Armadas, à Polícia Nacional e a outros responsáveis ​​encarregados de manter a segurança e a paz diante da onda de violência que assola o país e anunciou que aplicará “indultos e anistias” nos casos em que seja necessário garantir que possam cumprir sua tarefa.

Em um comunicado publicado no X, membros do Legislativo equatoriano disseram aos cidadãos que trabalham “em unidade, independentemente das diferentes correntes políticas e ideológicas”.

Com informações da Agência EFE

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Guerra ao narcotráfico no Equador dá poderes às Forças Armadas em meio a onda de violência

As forças de segurança equatorianas patrulham a área ao redor da praça principal e do palácio presidencial

 

O presidente do Equador, Daniel Noboa, assinou um novo decreto reconhecendo que o país enfrenta um “conflito armado interno” e listando 22 organizações criminosas como terroristas. O documento também ordena às Forças Armadas que executem operações para neutralizar esses grupos. Os militares agora podem agir como em tempos de guerra. Entre as facções citadas está a Choneros, cujo líder, conhecido como Fito, fugiu da prisão recentemente. Essa fuga desencadeou uma onda de violência, com explosões de carros-bomba, sequestro de policiais e outros atos aparentemente coordenados.

Após decretar estado de exceção em todo o país, com toque de recolher de seis horas, o caos continuou a se espalhar. Homens encapuzados invadiram a sede da emissora TC em Guayaquil, renderam o apresentador e funcionários e interromperam uma transmissão ao vivo do telejornal “El Noticiero”. Vídeos mostram o grupo bradando contra a polícia e profissionais da emissora deitados no chão, enquanto tiros são ouvidos ao fundo. As forças de segurança levaram cerca de 30 minutos para entrar no local e prender pelo menos 13 criminosos envolvidos na ação.

Além disso, ataques ocorreram em diferentes regiões de Guayaquil, resultando em oito mortes e dois feridos. A Universidade de Guayaquil também foi invadida por homens armados. Diante dessa crise, a Assembleia Nacional anunciou resoluções conjuntas para apoiar o Executivo, incluindo a possibilidade de conceder indultos e anistias a policiais e militares envolvidos no combate ao narcotráfico. O ex-presidente Rafael Correa também declarou seu apoio ao presidente Noboa e pediu que ele não cedesse, afirmando que os erros e discrepâncias políticas seriam discutidos posteriormente.

A crise no Equador também gerou repercussões no exterior. O Peru ordenou o envio de forças para a fronteira com o Equador e decretou estado de emergência nas cidades que compõem a linha divisória. A China anunciou o fechamento de sua embaixada no país. O Itamaraty expressou preocupação com a escalada de violência e está apurando uma denúncia de sequestro de um cidadão brasileiro em Guayaquil. O presidente Noboa afirmou que a medida de estado de exceção permitiria que as Forças Armadas interviessem no sistema prisional equatoriano, afirmando que não negociaria com terroristas e que buscaria devolver a paz ao país.

A violência em terras equatorianas tem crescido rapidamente nos últimos anos, com uma taxa de homicídios de 25,9 para cada 100 mil habitantes em 2022. O país funciona como entreposto de exportação de drogas por via marítima, sendo afetado pelo crescimento do cultivo e da demanda por cocaína em nível mundial. Facções internas se associaram ao crime transnacional e dominaram os presídios locais, abrindo novas rotas para o narcotráfico. No último ano, foram apreendidas 210 toneladas de drogas no Equador, um recorde.

Deu na Jovem Pan

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Bloco centro-direita vence eleições presidenciais no Equador e derrota esquerdista González

Daniel Noboa Azin: Bloco centro-direita vence no Equador e derrota esquerdista González

 

O empresário Daniel Noboa Azin, de 36 anos, é o novo presidente do Equador. Com um bloco centro-direita, o empresário Daniel Noboa avançou na liderança do segundo turno.

Noboa é um dos maiores empresários do país. Ele é filho do empresário e ex-candidato à Presidência da República Álvaro Noboa Pontón e de Annabella Azin, doutora em medicina.

O registro da votação eletrônica antecipado já indicava que Noboa cravava vantagem de 52% frente aos 48% da advogada de esquerda Luisa González, com 75% das urnas totalizadas.

Nas redes sociais, aliados de Noboa já comemoram e chamam a adversária de “comunista”.

Movimentos de direita do país também celebram a vitória de Noboa, dizendo que “a ameaça comunista foi cessada”, com cobranças de que o novo chefe do Executivo federal siga alinhado com o espectro político.

Deu no Conexão Política

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Suspeitos de assassinarem candidato Fernando Villavicencio, do Equador, são mortos na prisão

 

Seis pessoas suspeitas de terem participado da morte de Fernando Villavicencio, candidato à Presidência do Equador nas eleições deste ano, foram mortas na prisão, de acordo com as autoridades do país. Um comunicado foi publicado na noite desta sexta-feira (6).

Villavicencio foi assassinado em agosto, a poucos dias da eleição, quando deixava um comício em Quito. O candidato foi alvo de um ataque a tiros.

De acordo com o departamento do governo que cuidada das pessoas privadas de liberdade, os presos foram mortos dentro de uma penitenciária de Guayaquil, na região sudoeste do país.

Os presos foram mortos na tarde desta sexta-feira. As autoridades informaram que todos os assassinados são colombianos.

“O governo nacional condena o ocorrido e reforça sua vontade política para colaborar com as investigações pertinentes a fim de identificar os responsáveis intelectuais do crime contra o ex-candidato”, diz um comunicado.

Em uma rede social, o presidente Guillermo Lasso afirmou que ordenou uma reunião imediata do Gabinete de Segurança após o ocorrido.

Deu no g1

Política

Disputa presidencial no Equador terá 2º turno entre Luisa González e Daniel Noboa

Montagem: Rodrigo Buendia

 

A candidata da esquerda Luisa González e o jovem empresário Daniel Noboa vão disputar a presidência do Equador em segundo turno no dia 15 de outubro.

Eles foram os candidatos mais votados no pleito deste domingo, 20, sem conseguir a maioria necessária se eleger no primeiro turno. Com quase 78% dos votos apurados, González tinha 33,19% do total, contra 24,04% de Noboa. Em terceiro, com 16,37%, estava o candidato assassinado Fernando Villavicencio, substituído por Christian Zurita, que herdará sua votação.

Embora as pesquisas já previssem que González seria a mais votada no primeiro turno, graças à parcela de eleitores que a corrente política do ex-presidente Rafael Correa está acostumada a ter, Noboa não aparecia entre os primeiros nas pesquisas, e seu apoio teve um aumento meteórico nos últimos dias, impulsionado pelo voto jovem e por apresentar uma imagem de “outsider” na política. González, advogada e ex-deputada que ocupou vários cargos no governo de Correa, enfatizou em um discurso público aos seus apoiadores que ela será a primeira mulher a disputar o segundo turno de uma eleição presidencial no Equador. “Apelamos para a unidade de todos os equatorianos”, disse González, que acompanhou os resultados em Quito acompanhada pelo ex-vice-presidente do governo da Espanha Pablo Iglesias.

Para a candidata pelo movimento Revolução Cidadã, o assassinato de Villavicencio, inimigo ferrenho de Correa por causa das denúncias de corrupção feitas contra ele ao longo de sua carreira jornalística, prejudicou sua candidatura e a impediu de vencer no primeiro turno. Para vencer no primeiro turno, ela precisava ter obtido 50% dos votos ou, ao menos 40% e não menos que dez pontos percentuais à frente dos demais.

Informações da EFE

Mundo, Política

Equador vai às urnas em meio a terremoto político e enraizamento do narcotráfico no país

fernando villavicencio

 

O Equador vai às urnas neste domingo, 20, para escolher o novo presidente em meio a um cenário incerto e com temor de reviver a instabilidade política que assolou o país entre 1997 e 2005. Em maio, o atual chefe de Estado equatoriano, Guillermo Lasso, usou a morte cruzada e dissolveu a Assembleia após o início do processo para destituí-lo do cargo. A decisão desencadeou na antecipação das eleições. O cenário, que já era frágil e delicado no país, ficou ainda mais debilitado após o assassinato do candidato presidenciável Fernando Villavicencio, no começo de agosto, o que escancarou o enraizamento dos cartéis no país e a debilidade da segurança nacional.

O atentado contra o jornalista e político foi seguido de outros dois casos: o ataque a tiros ao carro de uma candidata ao cargo de deputada na Assembleia Nacional e a execução, também a tiro, do dirigente político Pedro Briones. Ainda há um suposto ataque a Daniel Noboa, candidato a presidência. Ele alega ter sido alvo de um atentado na quinta-feira, 17, porém, o direitista conseguiu sair ileso. Apesar de mais recentes, os casos não são isolados. No mês passado, Agustín Intriago, prefeito da sexta maior cidade do Equador, Manta, foi assassinado. Em maio, o candidato eleito Walker Vera foi morto pouco antes de assumir o cargo na cidade de Muisne, província de Esmeraldas.

Alberto Pfeifer, coordenador geral do DIS, grupo de análise de estratégia internacional da USP, diz que o assassinato de Fernando Villavicencio gera um alerta generalizado quanto à penetração da violência oriunda da criminalidade organizada do narcotráfico, das gangues e cartéis que hoje estão sediados no Equador e presentes na vida civil da sociedade. “O que era um fenômeno de violência restrito na percepção popular ao escopo da bolha, ou seja, gangues brigando entre si, mortes nas penitenciárias e revolta, passou para domínio público”, diz, acrescentando que “embora a violência estivesse aumentando no país, a dura percepção vem agora com assassinato de Villavicencio”.

O atentado deixou o cenário das eleições ainda mais incerto. Apesar de Luisa González, aliada do ex-presidente Rafael Correa, aparecer na frente nas pesquisas, a situação pode mudar até o dia das eleições, e a briga pela segunda posição, em um possível segundo turno, é imprevisível. Para Renata Álvares, professora de relações internacionais da ESPM, “o assassinato por si só, no ambiente eleitoral, já tem capacidade de mover peças e ser utilizado por todos os que estão no comício eleitoral, principalmente em um lugar que já tem certa conturbação, como são os países da América Latina”. Ela fala que a presença do narcotráfico no país se deu “por causa dos problemas do desenvolvimento do Estado”.

Regiane Nitsch Bressan, professora de relações internacionais da Unifesp, diz que isso é muito aflorado pelo contexto de violência, desigualdade, pobreza e aumento do narcotráfico no país. “Se antes era muito limitado, muito relacionado a países como Colômbia, Peru e Bolívia, hoje em dia as redes internacionais e os cartéis não se localizam apenas nesses países”, observa. Essa situação faz com que aumente a instabilidade política e dê um certo temor de novos atentados no dia das eleições. “Estamos todos aqui muito apreensivos com as eleições no Equador”, conclui. Christopher Mendonça, cientista politico e professor de relações internacional do Ibmec Belo Horizonte, complementa dizendo que o assassinato de Villavicencio acaba demonstrando a todos os candidatos que o pleito eleitoral está bastante violento e polarizado. “O assassinato do candidato presidenciável acabou demonstrando os níveis de tensão que a gente está observando agora nas eleições, algo que não tinha sido visto antes. O Equador é um país que, nos últimos anos, aumentou muito os seus índices de violência, mas, especialmente agora, nesse momento de eleições, a gente está vendo, como nunca, uma convulsão social que é importante ser considerada”, diz.
O especialista pontua que o Equador tem as suas fronteiras bastante prejudicadas diante de uma série de criminosos internacionais que ocupam aquele território. “Isso, inclusive, é um dos grandes problemas debatidos ao longo da campanha eleitoral. O próximo presidente vai ter um desafio muito grande em manter a segurança do país, exatamente porque, neste momento, a explicação é básica. Para que a gente entenda um pouquinho do Equador, é exatamente essa concentração de grupos criminosos que saem dos seus países e se instalam ali naquele país.” Os cartéis já são um problema na Colômbia desde os anos 80 e 90. O crescimento da desigualdade e a pobreza no Equador e foi intensificado pela pandemia de Covid-19 — o país ainda não se recuperou, assim como muitos outros latinos-americanos — e acabou criando um cenário propício à violência, conflitos, aumento do narcotráfico e instabilidade política. Bressan diz que o problema não poderá ser solucionado se não houver “políticas de contenção com a globalização, com as facilidades, inclusive, de internacionalização, políticas fortes e sólidas e consistentes, que sejam de segurança e políticas econômicas”. Como a desigualdade e a pobreza abrem muito espaço para a informalidade, o trabalho no tráfico de drogas acaba virando uma fonte de renda para determinadas pessoas.

 

homicídio no equador

 

David Morales, professor de relações internacionais da Universidade Federal do ABC, fala que o assassinato do Fernando Villavicencio gerou um terremoto político no Equador e mostrou o poder do narcotráfico na região. “Há mudanças se vamos ver o cenário antes, o cenário depois. Temos aqui o novo discurso mais rígido, um discurso de mão dura e isso vai legitimar outras candidaturas que antes eram um pouco mais discretas. Por exemplo, a do Jean Topic, que é o [presidente salvadorenho] Nayib Bukele do Equador.” Ele também ressalta que essa situação mostra um fracasso institucional. “As instituições ali não demonstraram solidez, porque o assassinato de Villavicencio mostra, claramente, que o crime está controlando grande parte, grande porção da institucionalidade do Equador”, destaca o especialista. Segundo ele, isso não estaria acontecendo se Lasso não tivesse sito forçado a adiantar as eleições por causa dos escândalos de corrupção.

A votação deste domingo, com possibilidade de segundo turno em outubro, definirá um governo tampão, e não para um novo governo. “É apenas para finalizar o governo de Lasso”, lembra o professor. O novo governante terá pouco menos de dois anos para comandar o país. Diante deste cenário, Morales não vê muita expectativa com relação ao próximo presidente. “Será somente um anos e seis meses de governo. O que você vai fazer em uma situação como essa?”, questiona, destacando o aumento da violência e fragilidade institucional. “O que o país precisa neste momento é de um fortalecimento institucional, depois uma nova política de segurança nacional e entrar em um acordo bilateral com Colômbia, Peru, México e Estados Unidos”.

 

assassinado de fernando villavicencio

Cartéis e sua atuação no Equador
Renata Alvarés, professora da ESPM, salienta que os cartéis surgiram no Equador de forma muito silenciosa. “Eles estavam com muito problema na Colômbia e, como qualquer empresa transnacional, porque é assim que é um cartel, vai buscando fazer redes em lugares em que eles possam tranquilamente exercer a sua atividade. E eles encontraram instituições sólidas no Equador e acabaram tomando conta”, diz. Alberto Pfeifer, coordenador geral do DIS, coloca data. Ele diz que os carteis estrangeiros se estabeleceram a partir de 2010, com o sucesso do plano Colômbia. “Os cartéis passaram a busca outras rotas para o envio de da droga produzida, então buscam o caminho do Pacífico, já que a via do Atlântico e do Caribe, seja marítima, terrestre ou aérea, estão sufocadas com a boa medida do plano Colômbia”, fala. “Então, essas gangues e cartéis situados na costa do Pacífico buscam alternativa e encontram no Equador um local de menor atenção das autoridades intersecionais e desprepara e debilidade das nacionais”, conclui.

Pfeifer ressalta outro ponto de atenção. “O país ficou interessante para os traficantes, embora tenham que aumentar a rota logística, porque o Equador não produz a droga, não tem tradição na produção, a coca não faz parte da cultura popular.” Contudo, com o aumento do custo do uso das plantações e rota de tráfico, “o Equador apresenta com menor custo relativo porque não há tradição de enfrentamento da droga e, portanto, a pressão repressiva é menor”. Morales cita outro ponto de atração: o fato de o país ter dolarizado a moeda. “Nada mais fácil do que os próprios cartéis, tanto do México quanto da Colômbia, vendem ao Equador uma fonte fácil, digamos, para poder lavar dinheiro e obter os recursos e o pagamento dos circuitos e das encomendas e do tráfico de drogas de forma muito mais rápida pela dolarização da moeda.” Então, isso se tornou um problema, porque, “ao mesmo tempo, em que se dolarizam a moeda, não houve um aumento no orçamento da segurança do Equador”, fala o professor, acrescentando que houve sedução no orçamento da segurança, o que “permitiu que se abrissem fronteiras, se abrissem brechas dentro da institucionalidade equatoriana”.

 

cocaina Equador

 

Na sua opinião, esse cenário tende a se fazer presente pelos próximo anos, talvez uma década. “Vamos ver isso evoluir, desde que não mude a lógica do combate internacional às drogas, depois os Estados Unidos vão fazer um plano Equador, como feito na Colômbia, e o problema se joga para outro país”. O especialista também defende que deveria ter uma mudança de estratégia internacional no combate às drogas. “Estamos já há mais de 50 anos com a mesma estratégia, sob a lógica dos Estados Unidos, de perseguir, ou digamos, de criminalizar ou securitizar a oferta da droga e não a demanda”, diz, acrescentando que isso gera um desequilíbrio. Para explicar seu pensamento o professor usa uma metáfora da bexiga de aniversário. “Você pega a bexiga e aperta um pouquinho o ar, e o ar se desloca para um lado, mas continua ali dentro da bexiga”. A analogia tem associação com a política antinarcótica dos Estados Unidos, que vem desde a década de 70.

“Na década de 70, apertou a Bolívia, então sai toda essa produção da pasta de coca e tudo isso e se desloca e chega no Peru”, explica. O problema é que, após apertar o Peru na década de 80, chegou à Colômbia, um país mais tropical, com muito mais facilidade de plantação das drogas. Quando a situação fica delicada entre a década de 80 e 2000, o problema vai para o México. Diante dessa situação, foram estabelecidos os acordos comerciais e políticos da segunda década do século XXI entre Estados Unidos e o México. “E aí, o que acontece? O fluxo volta para os países andinos, por isso que Equador hoje é o país, digamos, epicentro da violência nos países andinos, que antes não era. Até 10, 15 anos atrás, o Equador era uma ilha de paz.”

Deu na JP News