Economia

Supermercados do RN reduzem estoques para seguir mudança de consumo

 

Manter em estoque um volume de produtos de acordo com a quantidade de vendas tem sido a principal estratégia adotada pela rede varejista de supermercados diante da alta da inflação dos alimentos, que diminuiu o poder de compra da população, provocando mudanças que passam pela redução na quantidade ou pela mudança do tipo e marca de produtos de acordo com o preço.

No último mês de maio, as vendas do setor supermercadista em valores reais, deflacionadas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentaram queda de 3,47% na comparação com o mês anterior. O dado está na pesquisa “Consumo dos Lares”, realizada pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

A título de comparação,  em março, a alta era de 2,50% e, em abril, ficou em 2,59%. Apesar da entidade avaliar que o recuo em maio se deve, principalmente, pelo aumento no consumo de abril devido às comemorações da páscoa, o segmento vem experimentando uma desaceleração nos últimos meses, reflexo da inflação nos alimentos, que reduz o poder de compra da população.

“Os produtos estão bem mais caros e os clientes têm reduzido o consumo. Quem pode manter o padrão do produto, reduz a quantidade. Outros, que não conseguem manter o padrão, mudam a marca ou escolhem um de menor qualidade. Se estão comprando menos, reduzimos o estoque, ou mudamos para a marca mais procurada. Não tem mais como estocar produtos nessa situação, devido o quadro de incertezas”, conta o presidente da Associação dos Supermercados do Rio Grande do Norte (Assurn), Gilvan Mikelyson.

A regra agora é monitorar o que e quanto as pessoas estão comprando para não sair no prejuízo. Um exemplo é o caso do leite, produto amplamente consumido pela população, que agora economiza na quantidade. Isto porque, é um dos produtos que mais teve o preço elevado nos últimos 30 dias. Se nesse espaço de tempo era possível encontrar o litro por menos de R$ 6, dificilmente é encontrado agora por menos de R$ 8 na rede varejista. Com ele, sobe também o preço dos seus derivados, como queijos, leite condensado, manteiga.

Apesar da maioria dos produtores estarem nessa situação, as grandes e repentinas elevações não ocorrem com todos, mas variam de produtos com mais frequência. “Tivemos um processo parecido com a carne bovina e com o café, que se estabilizou em alta. Porém, no volume e intensidade que estamos vivenciando agora, com tantos produtos ao mesmo tempo em alta, não lembro-me de ter passado em mais de 20 anos que estou no setor”, destaca Gilvan Mikelyson.

Com isso, o setor precisou abrir mão de uma parte da margem de lucro para não afastar ainda mais o cliente ou fazê-lo consumir ainda menos. “Só não está pior porque não conseguimos trabalhar com as mesmas  margens que trabalhávamos antes. Tivemos que represar o repasse, não aplicando tudo no preço final. Praticamos margens menores em determinados produtos para que o cliente não deixe de comprar. Já se fala em prejuízo, caso não se consiga ajustar as operações sem conseguir margear”, disse ele.

A boa notícia é que o setor não tem registrado demissões relacionadas à alta dos alimentos e a expectativa é de que as mudanças de consumo levem os produtores e a indústria a reverem os custos operacionais de modo a refletir nos preços nas gôndolas.

“No momento está muito evidenciada a redução do consumo dos leites e seus derivados. Temos a expectativa de que a diminuição no consumo resulte em aumento na oferta. Se acontecer, pode haver redução do preços, mesmo que não volte ao que era antes, porém, deve demorar para se estabilizar”, pontuou Gilvan Mikelyson.

Deu na Tribuna do Norte